Pingo Final: Cardozo joga todos os gatos no saco para ver se ficam pardos
Meu pingo final da semana vai para José Eduardo Cardozo. Cardozo está tentando jogar todos os gatos no mesmo saco, porque lhe interessa que sejam pardos. Mais: está tentando provocar uma reação corporativa de advogados. Espero que os doutores não caiam na cilada e não se tornem coadjuvantes de uma pantomima.
Questão fundamental já abordada aqui: qualquer que seja a reclamação ou descontentamento dos clientes dos advogados que recorreram a Cardozo, há uma confusão de fórum. Se a PF erra, exorbita ou transgride a lei, sendo ela polícia judiciária, deve-se apelar ao Judiciário, no caso o Tribunal Regional Federal e, eventualmente, ao Conselho Nacional de Justiça.
Posto isto, sigamos. O ministro tenta confundir de forma deliberada a reunião que fez com advogados da Odebrecht decorrente, de fato, de uma representação formal de outra, essa com Sergio Renault, defensor da UTC, e com o advogado petista Sigmaringa Seixas.
Na sua entrevista da Veja, Cardozo admite reunião com os advogados da Odebrecht, que tinha objeto definido, mas não havido com Renault e Seixas. Epa, aí não! Aí fica com cheiro de truque. Se algo de impróprio foi conversado com os advogados da Odebrecht não se sabe. Não que eu tenha lido, ao menos. A outra reunião, no entando, percorreu sinuosidades cabeludas. Tratou-se ali de oposicionistas que seriam tragados pela Lava Jato e da entrada de Lula na parada. E como se sabe, esta reunião não estava na agenda, não nasceu de uma representação, não está sentada em nenhum formalidade.
Cardozo mandou brasa. “Advogados que advogam para clientes que estão sendo investigados, pouco importa se são culpados ou não, não são membros que quadrilhas por serem advogados.” É repugnante! Quem disse que são? A quem interessa jogar advogados contra juízes?
Há um jogo interessante em curso para qual o ouvinte tem de estar atento. Os empreiteiros perceberam que estavam se transformando na Geni do Petrolão. Assim como Marcos Valério e Katia Rabello se tornaram os cobres de plantão do Mensalão. Alguns ameaçaram botar a boca no trambone, notadamente Ricardo Pessoa, dono da UTC, amigo ou ex-amigo de Lula. Chegou o recado de que não iria silencioso para o cadafalso, aí então o Planalto resolveu entrar em ação com concurso de Lula para acalmar a tigrada. Foi essa a natureza da conversa informal de Cardozo com o advogado da UTC.
O ministro sabe muito bem que o buzilis desse particular não está nos seu encontro com os advogados da Odebrecht, mas no encontro informal com os amigos Renault e Seixas. Ele enrola, a gente desenrola.
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