Pingo Final: Cuidado, Temer! A Cultura é complicada demais para amadores. Olhe o que faz o Juca Ferreira!

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 04/05/2016 12h41
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O ministro da Cultura, Juca Ferreira, durante visita da diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Irina Bokova, ao Museu do Índio (Fernando Frazão/Agência Brasil) Fernando Frazão/Agência Brasil Ministro da Cultura Juca Ferreira

O país está na pindaíba, quebrado. Os doentes, como as ramas das batatinhas, se esparramam pelo chão. Mas o ministro da Cultura, o Juca Ferreira, no apagar das luzes, resolveu torrar R$ 100 milhões, a juros subsidiados, com música.

Não, amiguinhos! Não estou fazendo aquela crítica rasa de que os esquerdistas das artes gostam de fazer caricatura quando se referem àquilo que chamam “direita”: “Oh, enquanto houver um doente sem assistência no país, não se gasta dinheiro com música ou poesia…” A crítica não é essa. Que o Ministério eleja as suas prioridades dentro do Orçamento que tem.

Ocorre que a porcaria que Ferreira está fazendo é outra. Ele decidiu criar uma linha de crédito de R$ 100 milhões para a música com recursos oriundos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). A linha de crédito será operada pelo Banco do Brasil, a juros subsidiados: 12,5% ao ano.

Certo! Até aí, bem! O FAT poderia estar nadando em dinheiro. Por que não financiar alguns trinados, não é? Mas a verdade é outra, lembra à Folha o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas José Roberto Afonso, especialista em contas públicas: “O FAT está deficitário. O que se gasta com seguro-desemprego, abono salarial e programas de treinamento supera a arrecadação. O Tesouro é que cobre o déficit.”

Bem, se o Tesouro cobre o déficit do FAT e se o FAT vai financiar com juros subsidiados a música, a companheira Dilma está subsidiando a música fabricando… déficit. A cada vez que esse dinheiro financiar um trinado, haverá um pobre ainda mais pobre.

Ferreira ainda posa de valente e diz esperar que suas decisões sejam respeitaDAs: “O ideal é que os governos, quando chegam, sejam legítimos ou não — e na minha opinião este que pode estar chegando não é —, têm de respeitar uma cadeia de construção do Estado brasileiro. Não pode fazer terra-arrasada de processos que trouxeram benefícios para os artistas brasileiros”.

Entendi. Juca Ferreira acha que a pobrada pode muito bem arcar com um peso extra para financiar os nossos “artistas”.

Essa gente me dá é nojo!

É por isso que Michel Temer tem de pensar com muito cuidado quem indica para o Ministério da Cultura. É preciso que a escolha recaia sobre alguém que tenha intimidade com esses mecanismos de subsídio à produção artística e com os leis de incentivo à cultura. Ou o coitado será vítima de um viveiro de sanguessugas. Ou melhor: as vítimas seremos nós.

A juros subsidiados.

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