Pingo Final: Cunha, o impeachment e as teorias conspiratórias

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 05/10/2015 14h05
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O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, anunciou rompimento com o governo, durante entrevista (Antonio Cruz/Agência Brasil) Luis Macedo/ Câmara dos Deputados/Fotos Públicas Eduardo Cunha- microfone jp 1

É claro, e já escrevi isto aqui, que a situação do deputado Eduardo Cunha se complicou bastante depois que o governo da Suíça e o Ministério Público daquele país informaram que quatro contas o têm como beneficiário último. A informação, que chegou ao Brasil, foi diligentemente vazada. Quem sabia? O Ministério da Justiça e a Procuradoria-Geral da República. Quando a coisa já estava na praça, a PGR emitiu uma nota confirmando o dado.

Muito bem! Isso altera aquela que é tarefa de Cunha no caso da denúncia endossada pela oposição, que está na Câmara? Já escrevi a respeito. Ele pode fazer de conta que a coisa não existe. Pergunto: há clima para isso? Pode aceitar e mandar instalar a comissão especial. Dirão que o faz só para se vingar. Pode recusar, hipótese em que parlamentares da oposição vão recorrer. Dirão que tudo não passa de manobra.

O próprio deputado registrou o paradoxo no Twitter: “Acho engraçado que ficam achando conspiração em tudo. Se eu aceitar, é porque estou viabilizando [o impeachment], e, se rejeitar, também estou viabilizando”.

É isso mesmo. Os que fazem essa crítica gostariam que a coisa não estivesse lá e pronto. Para lembrar: caso o deputado rejeite a denúncia, serão necessários 257 votos favoráveis do plenário para instalar a comissão especial. Não está claro hoje se eles existem.

Ninguém sabe direito o efeito da “reforma anti-impeachment” feita por Dilma, sob a inspiração de Lula. Celso Pansera (PMDB-RJ), a quem coube o ministério da Ciência e Tecnologia, dado antes como homem de Cunha, agora prevê que a rebelião peemedebista vai diminuir.

O mesmo juízo faz Eliseu Padilha (Aviação Civil), que é mais próximo de Michel Temer, que não articulou a reforma. Em entrevista à VEJA, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) avalia que a reforma não põe fim à crise.

Cunha ainda escreveu no Twitter:
“Não tenho qualquer outro papel que não seja esse. Os que falam gostariam que eu mantivesse na gaveta [ele está se referindo à denúncia da oposição], e isso não ocorrerá. A minha obrigação é despachar”.

Pois é… Do jeito que os teóricos da conspiração estão animados, alguém dirá, daqui a pouco, que, se Cunha demorar mais algum tempo, é porque está esperando crescer de novo o descontentamento do PMDB…

Por Reinaldo Azevedo

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