Pingo Final: Entrevista à CNN prova que democracia é uma estranha para Dilma

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 29/04/2016 12h23
Presidente Dilma Rousseff durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília. 18/04/2016 REUTERS/Ueslei Marcelino REUTERS/Ueslei Marcelino - 18/04/2016 Presidente Dilma Rousseff - reuters

A presidente Dilma Rousseff, coitada, não sabe nada de democracia. E, creio, a esta altura, mais nada pode aprender. Sua compreensão do assunto é ainda mais precária do que seu governo. Nesta quinta, foi ao ar a entrevista que ela concedeu a Christiane Amanpour, da CNN. E olhem que a dita-cuja tem sempre um olhar compreensivo com a esquerda latino-americana. Mas até Christiane deve ter ficado espantada.

Indagada se iria renunciar, Dilma disse uma coisa do balacobaco: “Meu mandato pertence aos 54 milhões de votos que me foram dados e aos 110 milhões que participaram [da eleição]”.

Bem, está tudo errado. Infelizmente, Dilma não é presidente só de quem votou nela. Nem mesmo apenas dos que “participaram do processo”. Ela preside, para nossa pouca alegria, todos os brasileiros. Seu mandato não pertence ao eleitor, mas à Constituição da República Federativa do Brasil.

Se o mandato fosse propriedade dos eleitores, ainda que incluindo os de oposição, não seria o Supremo (no caso de crime comum) ou o Senado (no caso de crime de responsabilidade) a julgar um presidente. A Presidência da República e o mandato presidencial pertencem ao arcabouço institucional brasileiro. Fosse como quer Dilma, um presidente da República só seria deposto por um recall. Há mais: se essa notável pensadora tivesse razão, mesmo cometendo os crimes mais hediondos, um mandatário seguiria no cargo se essa fosse a vontade dos eleitores.

Dilma disse, obviamente, uma bobagem.

Negou, claro!, que tenha cometido crime de responsabilidade, e já me dispenso de evidenciar o contrário, tão escandaloso é o atentado que cometeu à Lei Fiscal. Mais uma vez, tentou transformar o impeachment numa obra de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente da Câmara, e disse que os que comandam o processo respondem por acusações.

Alguns respondem mesmo, é verdade. Dilma obteve 367 votos contra ela e 137 a favor. Pergunta óbvia de resposta não menos: entre os que se alinharam com ela, há ou não pessoas enroladas na Lava Jato? Mais do que isso: delatores acusam a participação direta de Edinho Silva, um de seus homens fortes, na cobrança de propina, repassada na forma de doação legal. Se Cunha é ilegítimo para o primeiro ato de aceitação da denúncia — e notem que a Câmara poderia lhe ter dito “não” —, por que teria legitimidade para recusar a denúncia?

Dilma nunca foi um primor de lógica, como seu raciocínio revela. E, como se vê, nada entende de democracia, o que também é compreensível. Antes de aderir ao brizolismo, ela tinha pertencido às hostes da VAR-Palmares, um grupo terrorista. Saiu do brizolismo para o petismo. Vale dizer: terrorismo, caudilhismo e populismo de esquerda. Democracia não é coisa que caia do céu, não é? Como é que ela iria aprender alguma coisa nessa área?

É evidente que quem espera ficar no cargo não concede entrevistas a veículos estrangeiros satanizando todo o sistema político e judicial de seu país, como faz esta senhora. Embora possa parecer o contrário, a entrevista é a de quem já entregou os pontos.

O que Dilma faz agora é insistir na tese do golpe para que ela e seus companheiros possam se dedicar à sabotagem do futuro governo.

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