Pingo Final: Leonardo só rima com Eduardo, mas não é solução. Ou: Virgílio, Dante e Newton!
Leonardo Picciani (esq.) ao lado do presidente da Câmara Eduardo Cunha pouco antes de ser eleito novo líder do PMDB
Leonardo Picciani ao lado do presidente da Câmara Eduardo Cunha pouco antes de ser eleito novo líder do PMDBLá em “Dois Córgo”, que é como a gente fala “Dois Córregos” em língua nativa, a gente tem uma metáfora para outra metáfora. Quando o sujeito tenta dar um passo maior do que as pernas e acaba “rasgando a carça” — que é “calça” na língua de vocês —, a gente diz: “Esse ainda precisa comer muito feijão”.
Leonardo Picciani (RJ), líder do PMDB na Câmara, ainda precisa comer muito feijão para tomar o lugar de Eduardo Cunha, também do PMDB do Rio e presidente da Casa, que era seu, digamos, preceptor nos caminhos do inferno. Na Divina Comédia, notem, Dante nunca tenta depor Virgílio…
Oh, meu Deus! Não! Cunha não é Virgílio, e Picciani não é Dante. Só recorro a essas referências para tentar elevar o debate, entendem? Adiante.
O governo atropelou as lideranças do PMDB e resolveu falar diretamente com a bancada da Câmara para negociar ministérios. O interlocutor escolhido foi Picciani, com direito a “selfie” entrando no Palácio e tudo…
Além de Dante e Virgílio, há a terceira lei de Newton: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade”.
É, coleguinhas… Em política, quem não negocia toma Newton na cabeça. Picciani era o líder de um blocão que unia PMDB, PP, PTB, PHS, PSC e PEN. Ao todo, 149 deputados, 66 dois quais do seu partido. Desse grupo peemedebista, 22 já assinaram um manifesto contra a reforma e, na prática, não o reconhecem mais como líder. Os outros desertaram, com exceção dos dois parlamentares do PEN.
Descontentes com o andamento da reforma — e Picciani não a negociou direito, como se vê, nem com o PMDB —, as demais siglas resolveram desfazer o tal blocão. Aquele que, antes da reforma, liderava 149 deputados lidera agora, quando muito, 46… Picciani somou e conseguiu diminuir, entenderam?
Vale dizer e com toda a capacidade que têm os leitores para entender uma ironia: Leonardo tem de comer muito feijão para que seja, sob qualquer critério que se queira, algo além de uma rima para Eduardo, não é mesmo?
Assim, não se espantem de o governo ter tomado uma tunda na Câmara, não conseguindo quórum para manter os vetos de Dilma, na primeira votação depois da tal reforma.
Taí uma comédia bem mundana. Mas fica a lição para Leonardo e também para Dilma: nem sempre o que rima é solução.
Por Reinaldo Azevedo
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