Pingo Final: Ministro da Saúde pensar em deixar cargo por um dia para votar em Picciani é coisa de desavergonhado
Dilma se reuniu na noite desta segunda para cuidar dos altos interesses da República, certo? Na pauta (ver nota abaixo), a recriação da CPMF. Ela teve a ideia de comprar o apoio dos governadores e dos prefeitos distribuindo a eles uma alíquota de 0,18%. Para o governo, iria 0,2%. Gente séria é assim.
Mas pode fazer mais. A presidente liberou Marcelo Castro, seu ministro da Saúde, que é deputado licenciado do PMDB do Piauí, para se afastar do Ministério por um dia, retomar o cargo na Câmara, votar em Leonardo Picciani (RJ) para líder do partido e retornar ao cargo em seguida. A eleição ocorre nesta quarta.
O deputado fluminense disputa o posto com Hugo Motta (PB), que conta com o apoio do PMDB não governista — inclusive, sim, Eduardo Cunha (RJ), presidente da Casa.
Não é uma prática tão rara. Em outras circunstâncias, isso já aconteceu. O que pesa agora é o simbolismo, o que não escapou a Cunha. Disse ele: “Me preocupa muito a situação da saúde. Com a crise, a epidemia que nós temos [do vírus da zika], o ministro largar assim o cargo para participar de um processo é uma coisa muito ruim”.
Você não precisa nem concordar com Cunha nem discordar dele por princípio para saber que está certo nesse particular. Convenham! É o fim da picada! Ou melhor: é a multiplicação das picadas.
Em circunstâncias normais, vá lá… Com a epidemia de zika que há no Brasil, com a dengue se alastrando como praga, com o país vivendo uma verdadeira situação de emergência, o fato de o ministro da Saúde simplesmente pensar nisso — e de o Planalto autorizar a operação — evidencia por que chegamos a esse ponto.
Vivemos a era dos desavergonhados.
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