Pingo Final: Mulher de Santana diz que pagamento da Odebrecht se refere a campanhas fora do Brasil

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 25/02/2016 10h31
Reprodução/ Youtube João Santana - REP

Epa! Agora a coisa ficou ainda mais complicada. Mônica Moura, a mulher do marqueteiro João Santana, deu uma declaração no mínimo explosiva à Polícia Federal. Ela confirmou que o casal recebeu, sim, no exterior US$ 3 milhões da Odebrecht e US$ 4,5 milhões do lobista e propineiro Zwi Skornicki. Como explicar? Algum plano de mídia?

Nada disso! Segundo a altaneira mulher de Santana, e não se sabe se estava com um riso no rosto ao dizê-lo, o dinheiro pago pela empreiteira dizia respeito às campanhas eleitorais feitas por seu marido em Angola, no Panamá e na Venezuela. Na ânsia, entendo, de afastar as suspeitas do PT e de Dilma, Mônica põe ainda mais a empreiteira no fogo, acusando-a, agora, de interferir na eleição de outros países.

Pergunta óbvia: quem paga e quem recebe dinheiro nessas condições no exterior não poderia, então, fazê-lo também em solo pátrio? Considerando que o casal havia decidido ocultar essa grana das autoridades brasileiras, não parece que tenha sido um dinheiro passado por cima dos panos.

É evidente que a declaração de Mônica é muito ruim para a Odebrecht.

E o dinheiro do lobista? Aí a história é ainda mais, como posso chamar?, espetacular. Seria parte do que o Movimento Popular de Libertação de Angola devia a Santana. Segundo ela, foi o MPLA que indicou Skornicki como a fonte pagadora.

E por que um lobista que atua na Petrobras pagaria as contas do partido do presidente de Angola? Bem, isso ela diz não saber. Skornicki também está preso.

Que curioso! Santana fez campanha em Angola em 2012. Ocorre que os pagamentos do lobista a Santana foram feitos muito depois. Três dos nove depósitos foram feitos quando o marqueteiro estava no Brasil, dedicado à campanha de Dilma Rousseff. Totalizam US$ 1,5 milhão. Foram efetuados nos dias 10 de julho, 6 de setembro e 4 de novembro de 2014. A atividade conhecida de Skornicki era fazer negócios que envolviam a Petrobras, apelando ao argumento muito conhecido da propina.

Ao todo, foram nove depósitos de US$ 500 mil. O primeiro foi efetuado pela Deep Sea Oil — conta de Skornick — na Shellbill, a conta de Santana, no dia 25 de setembro de 2013. Dois outros se deram em novembro e dezembro daquele ano. Em 2014, os primeiros depósitos ocorreram em fevereiro, março e abril.

Tudo isso por uma campanha feita em 2012? Mais: a atuação de Skornick se limita ao Brasil. Por que seria ele a pagar as contas de uma campanha eleitoral feita em Angola?

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