Pingo Final: Novas denúncias não mudam voto no Senado

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 08/08/2016 09h56
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Ideia de Lindbergh é que votação final possa acontecer entre 17 e 19 de agosto

Jefferson Rudy/Agência Senado Senador Lindbergh Farias - Agência Senado

A nova avalanche de denúncias não tem potencial para virar voto nenhum no Senado.

Não seria assim se a realidade obedecesse aos desejos do senador petista Lindbergh Farias (PT-RJ). Em muitos aspectos, ele é o político mais exótico que há em Brasília. Aos 46 anos, conserva a mesma retórica inflamada que tinha aos 22, quando Collor foi impichado.

A diferença é que, de lá pra cá, muito botox passou por baixo da ponte do bom senso. Lindbergh ganhou uma espécie de máscara. Diz barbaridades, e os músculos de seu rosto nem se mexem, como uma máscara de cera. Corar, então, lhe é mesmo tarefa impossível.

Por que escrevo isso? O homem diz que vai cobrar o afastamento dos ministros José Serra (Relações Exteriores) e Eliseu Padilha (Casa Civil). Reportagem da Folha de domingo informa que diretores da Odebrecht estariam dispostos a contar que a campanha do tucano recebeu, em 2010, R$ 23 milhões pelo caixa dois. Já reportagem da VEJA conta que a empreiteira informou à Força-Tarefa ter doado R$ 10 milhões ao PMDB em dinheiro vivo. O acerto teria sido feito no Palácio do Jaburu, na presença de Temer e Padilha. Todos negam irregularidades.

Ok. O senador é de oposição, não é? Compreende-se que tente maximizar o que atinge seus adversários. Mas Lindbergh não quer apenas fazer barulho: ele cobra agora a paralisação do processo de impeachment e diz que as denúncias podem ajudar a reverter votos no Senado.

Afirmou Lindbergh: “Esses novos fatos dão um discurso para a gente e fazem aumentar a chance de mudar o voto dos senadores”.

Acontece que outra reportagem da VEJA informa que o casal João Santana-Mônica Moura contou à força-tarefa que Dilma sabia do caixa dois de sua campanha. Mais do que isso: teria dito pessoalmente a Santana que Guido Mantega se encarregaria de fazer os contatos para conseguir o dinheiro ilegal.
Então Lindbergh pensa assim: as denúncias, por enquanto apenas presumidas, que atingem seus adversários devem afastá-los do governo; já a delação de ninguém menos do que o marqueteiro do PT, que atinge a testa de Dilma, deve devolvê-la ao trono presencial.

Eis por que costumo dizer que Lindbergh é o ex-cara pintada que virou cara de pau.

Seja lá o que aconteça em decorrência das denúncias, acontecerá com Dilma já impichada.

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