Pingo Final: O Brasil sob o jugo de uma quadrilha

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 05/05/2016 13h02
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Ex-funcionário da Comperj protesta em frente à sede da Petrobras no Rio de Janeiro EFE / Marcelo Sayao /Archivo Ex-funcionário da Comperj protesta em frente à sede da Petrobras no Rio de Janeiro

Os governistas, liderados pelo cara-pintada transformado em cara de pau Lindbergh Farias (PT-RJ), fizeram o diabo para tentar impedir o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) de ler o seu relatório. As chicanas foram se multiplicando. Mas a leitura está em curso. E o texto é favorável à continuidade do processo. Deve ser aprovado pela comissão sem problemas e certamente terá a anuência da maioria simples do Senado. E Dilma será, então, afastada.

Quem visse Lindbergh e seus valentes em ação não ligaria o governo que está aí, liderado pelo PT, àquilo que ficamos sabendo do depoimento de Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez. O conteúdo explica por que Rodrigo Janot pediu que Lula, Ricardo Berzoini e Edinho Silva, entre outros, passem a ser investigados do inquérito-mãe da Lava Jato.

Azevedo relata que, em 2008, foi chamado para uma reunião com Berzoini, então presidente do partido — e noto que ele havia assumido o cargo porque o mensalão havia destruído José Genoino — e por João Vaccari Neto, o tesoureiro. Os companheiros deixaram claro que a segunda maior empreiteira do país teria de pagar 1% de propina sobre toda obra por ela realizada desde, atenção!, de 2003 — desde, portanto, a chagada do partido ao poder.

Não só: ali ficou acertado que esse 1% valia para todas as obras então em curso e para as que viessem a ser feitas. O PT unia, assim, os três da corrupção: passado, presente e futuro. Entre 2009 e 2014, Azevedo estima que a Andrade Gutierrez repassou R$ 90 milhões do PT. Desse total, pelo menos R$ 40 milhões, disse, eram oriundos de propina. Na campanha de 2014,  Edinho Silva apresentou a conta que o partido fez para a empreiteira: R$ 100 milhões.

É muito constrangedor ler textos de alguns colunistas — espero que seja só convicção torta — que tratam o impeachment como um golpe das elites econômicas contra os interesses populares. Fazê-lo corresponde a se alinhar com um regime conduzido por larápios e ladrões. Nesta terça, vimos, por exemplo, Marcelo Lavenère, ex-presidente da OAB, num fim melancólico de carreira, a desenvolver suas teorias furadas sobre a marcha do retrocesso que estaria um curso.

Notem: por que o presidente da segunda maior empreiteira do país mentiria? Especialmente quando as informações da sua delação coincidem com as de outros depoentes? O PT decidiu ser sócio de todas as empreiteiras do país. Na verdade, decidiu se apropriar de uma parcela do caixa de quantas empresas fizessem negócios com órgãos públicos.

Haverá corrupção no governo Temer e em qualquer outro? Estou certo de que sim. Que os responsáveis paguem por aquilo que fizeram. Corruptos fazem mal ao país quando incrustados na máquina pública. Mas eles podem destruí-lo se impõem o seu método de governança.

E nós estamos ainda sob o jugo de uma quadrilha.

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