Polícia prende black bloc que depredou loja de carros

  • Por Jovem Pan
  • 03/07/2014 11h18

Reinaldo, a polícia prendeu um dos black blocs que depredaram uma loja de carros importados, alguma surpresa no caso?

Olhe, talvez nem seja surpresa, talvez seja até óbvio de mais, vamos ver. A polícia anunciou a prisão de um dos black blocs que depredaram uma concessionária de carros no dia 19 de junho. Comprovada a culpa, que a Justiça tenha o bom senso e a decência de manter esses bandidos em cana. Pessoas que atuam dessa maneira não são um caso de política, mas de polícia; não são manifestantes, mas delinquentes; não estão exercendo um direito, mas cometendo crimes.

Notem que diferença, não é mesmo? A Polícia de São Paulo se encarregou de investigar para chegar aos culpados. Já o governo federal atuou de outra maneira. Em entrevista à Folha, publicada no dia 24 de junho, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, confessou que manteve interlocução com os black blocs e que fez mais de uma reunião com eles. Tudo, disse ele, para entender o fenômeno.

Então ficamos assim: enquanto as forças de segurança de São Paulo se esforçam para prender os bandidos e para impedir a sua ação, o governo federal os transforma em interlocutores. Num tom que praticamente justifica a ação dos bandidos, embora tenha tido o cuidado de dizer que não concorda com as ações, Carvalho afirmou ao jornal: “[os black blocs] têm a convicção de uma violência praticada pelo Estado através das omissões nos serviços públicos e denuncia muito a violência policial na periferia, com aquela história de que, na periferia, as balas não são de borracha, são metálicas e letais. E que a única forma de reagir contra essa violência é também com a violência, que eles dizem que não é contra pessoas, mas contra símbolos e objetivos. Por isso escolhem bancos e concessionárias de carros importados”.

Se vocês repararem no que chamo sotaque ideológico da fala, ainda sobra, santo Deus, uma crítica para a polícia. Assim, vejam como é mesmo difícil a atuação dos policiais: têm de exercer o seu trabalho contra os criminosos, contra o fascínio de parte substancial da imprensa com o crime e contra a ação do próprio governo federal.

E que se note, o tal black bloc preso tem uma extensa ficha criminal. João Antônio Alves de Roza, de 46 anos, já foi fichado por porte de arma de fogo, porte de drogas, associação criminosa e receptação. Por esses dois últimos crimes, ficou na cadeia por sete meses em 1997. Capturado por agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) nesta manhã, Roza está preso no 7º DP (Lapa) por dano ao patrimônio e associação criminosa.

Além das roupas usadas durante o protesto, a polícia apreendeu na casa de Roza um notebook e uma câmera fotográfica. E descobriu que os equipamentos eram fruto de um roubo realizado em abril deste ano, em Mauá, no ABC Paulista.

Era só uma questão de tempo para que criminosos comuns passassem a se comportar como black blocs, não é mesmo? Se os mascarados tinham o privilégio da impunidade, porque não os outros?

 

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