Por ora, o Times merece uma medalha de desinformação

  • Por Caio Blinder
  • 08/06/2016 09h31
BRA100. BRASILIA (BRASIL), 30/05/2014.- La presidenta suspendida de Brasil, Dilma Rousseff, participa hoy, domingo 30 de mayo de 2016, en la presentación de un libro que aborda el proceso de destitución que enfrenta la mandataria, titulado "La Resistencia al Golpe de 2016", en la universidad de Brasilia (Brasil). Rousseff acusó hoy al Gobierno del mandatario interino, Michel Temer, de tratar con superioridad a los países suramericanos mientras que le habla "fino" a Estados Unidos. EFE/Cadu Gomes EFE/Cadu Gomes Presidente afastada Dilma Rousseff

Meu Twitter é inundado pela cobrança do tipo: Caio, você adora o New York Times, então não vai endossar o editorial do jornalão? Na verdade, eu vou fazer aqui um editorial contra o editorial de segunda-feira (6) do Times com o título Medalha de Ouro do Brasil por Corrupção.  

E, para o jornal, quem merece a medalha? O governo interino de Michael Temer e sua equipe corrupta e da elite branca. Para o lulopetismo, nem uma medalha de prata, de bronze, de latão por corrupção.

Pelo contrário, a presidente afastada Dilma é tratada como uma vítima. Existe suspeita sobre os motivos do afastamento, como se  o impeachment tivesse apenas servido para tirar do caminho as investigações da Operação Lava-Jato.

O texto não faz menção às denúncias do ex-senador Delcídio do Amaral sobre o esforço olímpico de Dilma justamente para obstruir a Lava Jato.

Desinformado, a narrativa trata Dilma como uma paladina da transparência e do combate à corrupção. Já as promessas do governo Temer de combater o mesmo mal são definidas como vazias.

Fora de contexto, sem nunca mencionar as manchas negras do lulopetismo, o periódico salienta que, caso queira ganhar a confiança dos brasileiros, Temer deveria adotar passos significativos contra a corrupção, como acabar com a imunidade e o foro privilegiado de ministros e parlamentares envolvidos em casos de crimes contra o Estado.

Sim, o Brasil deve combater sua sujeira histórica com vassouradas mais enérgicas, mas o maior jornal norte-americano precisa escrever artigos mais bem informados e que levem em conta a complexidade da crise brasileira. Por ora, o Times merece uma medalha de desinformação.

Tremendo em contrastes está a tal complacência do diário novaiorquino com o Brasil, ao mesmo tempo em que trata com real e afiada vigilância a degringolada derrocada da Venezuela bolivariana. Como destaque, o periódico trouxe, na última terça-feira (7), uma entrevista com Dilma Rousseff, tratada com dignidade, enquanto está enfurnada no Palácio do Alvorada, amargando humilhações. 

Coitadinha! Ela despeja as lamúrias ao repórter do jornal, que trata a crise do Brasil como uma briga entre facções criminosas.

A reportagem observa que Dilma tem esperanças de reverter a situação e se safar do impeachment no Senado graças aos passos mal dados do governo Temer, mas o New York Times observa que ela espera demais. 

A Dilma da reportagem é digna e fala outras línguas além de dilmês. Cita até Cícero, em latim, para denunciar o tal do golpe contra ela.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.