Portugal: o país do fado recupera o otimismo

Nos momentos de maior desalento aqui nos EUA, brinco que a saída é o Canadá. Pego a estrada e lá vou para Montreal ou Toronto. E por que não uma partida de caravela para Portugal?
Nada de fado como música ambiente, embora as pesquisas ainda mostrem que os portugueses sejam rivais dos gregos e búlgaros como o povo mais melancólico da União Europeia.
Mas, são dias até de euforia, do papo do milagre português. O novo secretário-geral da ONU é António Guterres; apesar das faltas fiscais, Cristiano Ronaldo está jogando um bolão e Salvador Sobral ganhou o festival Eurovisão em maio, mês em que o papa foi a Fátima canonizar os dois pastorinhos.
E tem o milagre político-econômico com o sucesso da coabitação do presidente conservador Marcelo Rezende e o primeiro-ministro socialista António Costa. Após uma década de recessão e estagnação, o socialista Costa comanda um robusto crescimento econômico, descartando a austeridade da pesada.
O austero cardeal da zona do euro, o ministro da Economia alemão Wolfgang Schauble, disse que seu colega português Mário Centeno é o Cristiano Ronaldo dos ministros da União Europeia. Imagine, o déficit orçamentário é o menor em Portugal desde a restauração democrática em 1975.
A pesquisa da melancolia portuguesa parece meio furada, pois recentemente 66% expressaram satisfação com sua vida, o dobro da cifra de quatro anos atrás. É verdade que sindicatos não brincam em serviço, o serviço de convocar greves e manifestações exigindo mais bonança já. A mobilização é capitaneada por comunistas e a esquerda radical que dão apoio aos socialistas no Parlamento.
O governo de António Costa promete que vai manter a prudência fiscal, consciente que a economia continua frágil e vulnerável a choques externos. As pesquisas mostram que seu partido vai bem, com 40% das intenções de voto, enquanto os demais partidos de esquerda perderam terreno desde as eleições de outubro de 2015.
Fala-se até que a economia cresça 3% neste ano, o que não acontece desde os anos 90. Como é que é? 3%, seria um milagre para o Brasil. Aliás, brasileiros que podem compram propriedade em Portugal.
Quanto a mim, é um dilema. Portugal vai bem, mas o Canadá também e está perto de casa. Ademais, dia menos dia, Donald Trump vai partir.
Ouça AQUI este comentário de Caio Blinder
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