Povo endossaria voto em Dilma em uma pesquisa Datafolha?

  • Por Jovem Pan
  • 07/11/2014 11h30
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Reinaldo, você está propondo uma pesquisa Datafolha para saber se o povo endossaria o voto em Dilma? Que história é essa?

Calma que eu explico. A Petrobras anunciou ontem a noite o reajuste de combustíveis, a partir da zero hora de hoje. 3% da gasolina e 5% do diesel. Isso na refinaria, vamos ver quanto o consumidor vai pagar.

O governo pode estar juntando o “ruim” ao “pior”. É claro que os consumidores ficarão insatisfeitos, e a muitos não escapará que o segundo turno aconteceu a meros onze dias. No intervalo já houve elevação de taxa de juros e elevação das tarifas de energia elétrica. Só isso? Não. Dados ruins da economia que estavam represados foram divulgados, o estelionato eleitoral é evidente.

Mais: o reajuste está bem abaixo do que o mercado esperava e do que seria razoável para recompor o caixa da Petrobras. O governo petista usou a empresa para fazer política econômica rasteira e evitar um aumento da inflação, que estava por outros fatores. Vendo o combustível aqui dentro por um preço inferior ao custo de importação. A dívida da Petrobras em cinco anos saltou de 71,5 bilhões, em 2009, para 241,3 bilhões neste ano. Pelo menos 60 bilhões deste valor se devem à defasagem do preço dos combustíveis.

Ocorre que agora o preço do barril do petróleo caiu: de 100 para 85 dólares. E as perdas deixaram de acontecer. Mas sobrou a dívida, que precisa de uma resposta. O pequeno reajuste é insuficiente para recompor o caixa no ritmo necessário. Isso significa que a Petrobras continua a ser usada como mero instrumento de política econômica. Há o risco, vamos ver, de os mercados reagiram mal à medida em vez de se animarem. Não custa lembrar que Graça Foster, presidente da estatal, defende um aumento de 8%. Era o considerado necessário para diminuir o rombo da Petrobras num prazo aceitável.

Há mais. Na entrevista concedida nessa quinta a oito jornalistas a presidente afirmou que será sim preciso fazer o que chamou de “lição de casa”. Vale dizer, ela está afirmando que vai ter de cortar gastos, intenção que atribuía a seu adversário na disputa presidencial, o tucano Aécio Neves.

Ê Dilma Rousseff! Eu sempre achei e sempre falei aqui que era sim preciso controlar os gastos, o governo é que dizia que não, que isso é coisa de neoliberal. Ela admitiu ainda na entrevista que a inflação é sim um problema, passou a campanha negando essa evidência.

Ora, como esquecer que, segundo alguns colunistas picaretas, quem aplicaria medidas amargas se fosse eleito seria Aécio Neves. Heis aí, as tais medidas amargas agora fazem parte do cardápio de Dilma Rousseff.

É crescente nas ruas a constatação de que o governo enganou os eleitores sobre a real situação do país. Mais do que isso: medidas corretivas foram postergadas ao máximo e eram urgentes, daí que não puderam esperar nem pelo segundo mandato. Pois é.

Tão logo o aumento chegue ao bolso do consumidor, seria então interessante o Datafolha indagar em quem o eleitorado votaria hoje. O instituto fez isso em São Paulo quando a crise de água se tornou mais aguda. Alckmin ainda venceria no primeiro turno. Será que Dilma continuaria a vencer no segundo? É uma curiosidade.

 

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