Presidente Dilma quer um amigão no TCU

  • Por Jovem Pan
  • 09/04/2014 16h02

Reinaldo, quer dizer que a presidente Dilma quer um amigão de peito no TCU? Embora o homem esteja todo enrolado com a Justiça?

Sim, e pra isso tentaram uma manobra vergonhosa. Atenção, o senador Gim Argelo, do PTB do Distrito Federal, é um amigão do peito da presidente. É dessas surpresas assim que a vida nos prepara. Tenho cá pra mim que eu não entendo 10% do que o outro fala, mas existe a linguagem universal do afeto fraterno, acho eu, que passa, para citar o grande poeta Mário Faustino, “por cima de qualquer muro de credo, por cima de qualquer fosso de sexo”. E isso fez de Gim o candidato de Dilma a uma vaga no Tribunal de Contas da União. Sim, no TCU.

Mais uma vez, a presidente conta com a ajuda de Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas, presidente do Senado. O mesmo que está atuando pra inviabilizar a CPI da Petrobras. Quem quer Gim no TCU é Dilma, mas Renan está fazendo de conta que a indicação é sua. Trata-se de uma vergonha em si que não requer interpretação.

O senador é réu em nada menos de 6 processo no Supremo Tribunal Federal. É investigado por fraude à lei de licitações, crime eleitoral, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Só isso.

Em 2011 o senador foi flagrado fazendo lobby junto à Advocacia Geral da União em favor do ex-senador Luís Estevão, lembra-se dele? Justamente para diminuir o valor de uma multa aplicada pelo TCU, de 1 bilhão de reais por causa das irregularidades na construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo, aquele do notório juiz Lalau. É esse cara que Dilma Rousseff quer como ministro do TCU.

Ela deve conhecer qualidades em tão notável senador que ninguém mais conhece. Para diminuir os riscos, Renan tentou votar a indicação em regime de urgência, o que levaria o nome de Gim diretamente para o Plenário, sem passar por nenhuma comissão. Seria aprovado com facilidade.

Renan pôs o requerimento em votação nesta terça. Mas, felizmente, foi derrotado por 25 a 24. Argelo terá de enfrentar o trâmite normal para indicações, sendo sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O governo queria evitar essa sabatina a todo custo.

Senadores que integram legendas da base governista votaram contra a urgência. Do PT, Eduardo Suplicy, do PMDB, Valdmir Mota, Jarbas Vasconcelos e Pedro Simão, do PDT, João Durval e Pedro Taques. Também se posicionaram contra os oposicionistas Randolphe Rodrigues, do Psol, Rodrigo Rolenberg, do PSB, e o independente Paulo Davi, do PV.

As coisas já ultrapassam o limite do cinismo e do descaramento. Digamos, só para efeito de pensamento, que Gim Argelo seja inocente nos seis processos. Em qualquer lugar decente do mundo, o normal é esperar que o tribunal faça então o seu julgamento. E uma vez eliminadas as possibilidades de culpa, então que se nomeie o homem.

Não com Dilma, não com esse governo. A indicação de Gim Argelo é um acinte e um deboche com o Senado e com o TCU. Um membro do Tribunal de Contas da União que vai avaliar a prestação de contas do Executivo em nome do Congresso deveria ter uma folha de serviços prestados ao país. Não uma ficha corrida na polícia. Mas Dilma não abre mão do seu amigão.

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