Presidente recém-eleito de Israel pede desculpas à Dilma

  • Por Jovem Pan
  • 12/08/2014 10h24

Reinaldo, o presidente recém-eleito de Israel, Reuven Rivlin, pediu desculpas à presidente Dilma por um funcionário da chancelaria de seu país ter chamado o Brasil de anão diplomático. Como você vê a iniciativa?

Vou dizer. Dizem alguns bobos que concordo automaticamente com o governo de Israel, sempre, não importa o que ele faça. Não é verdade, mas eu não me defendo do que dizem os idiotas ou do que pensa a meu respeito o vulgo.

Pois bem. Reuven Rivlin, o presidente de Israel ― que não é o governo do país, mas representa o Estado ―, telefonou para a presidente Dilma e se desculpou pela fala de Yigal Palmor, da chancelaria, segundo quem o Brasil era um “anão diplomático”. Para ser mais preciso, afirmou o seguinte: “Essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua sendo um anão diplomático”. E disse mais: “O relativismo moral por trás dessa atitude faz do Brasil um parceiro diplomático irrelevante, que cria problemas ao invés de contribuir para solucioná-los”.

Palmor estava certíssimo. Ele reagia a uma decisão delinquente da política externa brasileira. O Itamaraty redigiu, então, uma nota criticando Israel por sua ação na Faixa de Gaza e não fez a mais remota menção ao fato de que o país estava sendo atacado pelos foguetes do Hamas. Para piorar, chamou o embaixador para consultas, o que significa um agravo ao outro país.

Assim, Palmor estava, obviamente, coberto de razão ao reagir daquela maneira. Era mesmo coisa de anão diplomático. E, cá entre nós, não foi a única decisão estúpida tomada pelo Itamaraty.

Segundo informa o Palácio do Planalto, Rivlin se desculpou pela reação do porta-voz e reafirmou a amizade de Israel com o Brasil. Em resposta, a presidente Dilma teria afirmado que seu governo repudia, sim, os ataques do Hamas, mas condena igualmente o que considera a reação desproporcional dos israelenses.

Eu ainda quero saber o que é “reação proporcional” num caso como esse, mas, de todo modo, indago: por que o Itamaraty não fez, então, essa afirmação naquela nota de 23 de julho? Por que preferiu transformar um lado ― Israel ― em vilão e o outro lado ― o Hamas ― em vítima?

Queriam me ver aqui a discordar de autoridades israelenses? Pois não. É o que faço agora. Certamente o presidente de Israel sabe o que é melhor para o seu país, mas, se foi como o Palácio do Planalto está anunciando, discordo do pedido de desculpas. Continuo a achar que é o governo brasileiro que deve desculpas ao governo israelense.

 

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