Previdência no Brasil: país seria a Grécia numa escala mais louca

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 22/10/2015 12h27
BRASÍLIA,DF,29.10.2014:STF-DESAPOSENTAÇÃO - O Supremo Tribunal Federal (STF) deve retomar hoje (29) o julgamento sobre a possibilidade de o aposentado pedir a revisão do benefício por ter voltado a trabalhar e a contribuir para a Previdência Social. A mudança é conhecida como desaposentação. O julgamento foi interrompido no início deste mês após o voto do ministro Luis Roberto Barroso, relator dos processos que tratam do assunto. Faltam os votos de nove ministros. (Foto: Charles Sholl/Futura Press/Folhapress) Folhapress Previdência Social

Aqui do meu posto avançado nos Estados Unidos, uma das minhas missões é traduzir e tentar explicar o mundo aos ouvintes brasileiros. Outra missão é traduzir e explicar o que se escreve e o que se fala sobre o Brasil no exterior. As vezes, a missão é facilitada pelo talento da fonte original. Preciso traduzir, é claro, mas a explicacão vem mastigada. Este é o caso do precioso texto sobre o vexaminoso quadro de previdência no Brasil, escrito por Simon Romero, correspondente no Brasil do New York Times.
Lá vai.

Quando Rosângela Araújo fez 44 anos, ela decidiu que já trabalhara demais.

Assim, a senhora Araújo, uma supervisora de escola pública, fez o que milhões de pessoas quarentonas e cinquentonas fazem nesse país: ela se aposentou com pensão integral.

Acima é a tradução literal dos dois primeiros parágrafos do texto de Simon Romero. Na sequência, ele escreve e eu abro aspas: “Eu precisava tirar vantagem do benefício que estava à minha disposição”,disse a senhora Araújo, agora com 65 anos. A pensão de aposentadoria dela é de cerca de mil dólares mensais, cinco vezes o salário mínimo.

Rosângela Araújo é a árvore na narrativa de Simon Romero. Em seguida, ele retrata a floresta, escrevendo que uma explosiva crise da previdência está arrasando as finanças públicas no Brasil e intensificando uma batalha política sobre a economia quando a presidente Dilma Rousseff luta por sua sobrevivência.

O correspondente do New York Times explica a seus leitores que os brasileiros se aposentam em média aos 54 anos e alguns funcionários públicos, políticos e militares acumulam múltiplas aposentadorias, recebendo bem mais de cem mil dólares por ano. E o escândalo vai longe. Depois que eles morrem, esposas e filhos preservam o benefício pelo resto de suas vidas.

Um grande especialista em previdência alerta que o Brasil é uma Grécia em uma escala mais louca, mais colossal. Imaginem, na Grécia de tantos escândalos, um homem se aposenta em média aos 63 anos.

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