Proibição de festas na Politécnica não resolve problema da violência na USP
Nêumanne, será que o fim das festas nos campus da USP vai resolver os graves problemas de segurança que tem levado inclusive à mortes como a do Victor Hugo Santos?
Eu nem discuto a decisão do diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, José Roberto Castilho Piqueira, que proibiu em caráter permanente a realização de festas pelo Grêmio Politécnico na Cidade Universitária em São Paulo. As autorizações que já foram emitidas, inclusive, foram canceladas. A universidade informou que o centro de práticas esportivas da USP também suspendeu temporariamente a realização de eventos no velódromo.
Segundo o diretor disse ao jornal O Estado de São Paulo, a universidade não é local de balada, de bebida e de festa; é local de livros, ensino, pesquisa e extensão.
A morte de Victor Hugo Santos, de 20 anos, é realmente traumática, é um absurdo; faz parte de uma relação não muito grande, mas nem por isso menos chocante, de estudantes que comemoravam a aprovação no vestibular e que foram abatidos, foram mortos pelos seus colegas.
A questão toda é que isso aí, primeiro, não resolve porque está tomando uma medida apenas pela Politécnica. A Politécnica é uma das inúmeras escolas da USP. Em segundo lugar, o problema da segurança é um problema que não se limita às festas – sempre houve festas lá, sempre houve este tipo de tratamento de calouro, o famoso trote, e de vez em quando há uma morte desta e o que tem que se pensar é a questão da segurança lá no campus, na Cidade Universitária, porque a questão é grave.
Existe uma certa mentalidade de que o campus é um território livre, que não precisa de polícia, que se pode fumar maconha por lá, e é claro que esse tipo de leniência leva a crimes muito mais graves, como foi o caso dessa morte que é a última de uma série.
Então, o que tem que se repensado é esta mentalidade leniente que confunde autonomia universitária e liberade de campus com a verdadeira adoção de um território sem lei. O campus passa a ser um território sem lei. Há movimentos de funcionários e de alunos de esquerda que querem impedir o trabalho da Polícia Militar, não tem resolvido nada, mas pelo menos reduz, diminui um pouco isso. Isso é que tem que ser revisto. Isto é que tem que ser repensado.
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