Projeto terrorista é destruir projeto europeu com radicalização do continente

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 23/03/2016 11h34
EFE Aeroporto

Eu perdi a conta quando vezes já falei aqui na Jovem Pan que o objetivo do terror é aterrorizar. Pensata óbvia como condenar o terror. E lá tivemos novamente o horror, desta vez em Bruxelas, coração da Europa, do projeto europeu, construído das cinzas, dos genocídios e da barbárie suprema da Segunda Guerra Mundial. Uma Europa que almeja abrir as fronteiras e decidir tudo por consenso e não afundar nos conflitos tribais e nas discórdias nauseantes.

O terror islâmico é totalitário, intolerante e niilista. Seu objetivo é destruir e o alvo europeu é sob medida, especialmente Bruxelas. O projeto europeu vive uma profunda crise de identidade, tem dúvidas sobre o alcance da unidade continental, da abertura de fronteiras e do livre trânsito. As rivalidades dentro da União EUropeia são cada vez mais ácidas sobre o alcance desta unidade, sobre o que fazer com imigrantes, com refugiados, com o euro.

Em menos de seis meses foram ataques devastadores, primeiro em Paris, em novembro, e agora Bruxelas. Existem choque, medo e a constatação de falhas nos serviços de inteligência. Bruxelas foi a crônica de uma tragédia anunciada. Esperava-se o que aconteceu na terça-feira,mas nada como o choque da realidade.

O desafio é cada vez maior. Como a Europa pode continuar a ser a Europa com a ameaça terrorista? O projeto terrorista é destruir o projeto europeu. O terror quer radicalizar a Europa, quer a ascensão de demagogos, quer dar munição para os campeões da xenofobia e da islamofobia. Quer que a população se mobilize contra refugiados, quer que qualquer sírio fugindo da guerra civil em seu país seja hostilizado para também se radicalizar. O projeto terrorista quer que os filhos de imigrantes do Oriente Médio e da Africa do Norte que vivem nas metrópoles europeias reneguem a civilização ocidental.

O terror islâmico quer um choque de civilizações, quer que a Europa retribua com intolerância e repudiando seus valores democráticos e de tolerância. São dias sombrios e adiante não existe muita luz. Resta ecoar as palavras do presidente francês François Hollande de que a resposta ao terror precisa ser calma, lúcida e resoluta.

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