PSB leva ao ar programa político com Eduardo Campos e Marina Silva

  • Por Jovem Pan
  • 28/03/2014 11h25
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Reinaldo, o PSB levou ao ar ontem a noite o seu programa no horário político. O que você achou?

Do ponto de vista técnico, impecável. Foi inteiramente dedicado a um suposto diálogo. Tratou-se de uma montagem, na verdade, entre Eduardo Campos – que vai disputar a Presidência da República – e Marina Silva, a líder da Rede, provável vice na chapa.

Procurou-se simular um olho-no-olho entre os dois, e de cada um deles com o telespectador. O filme foi rodado em película, em preto e branco, como a dizer que ali não havia pirotecnia nem truque. Ambos evocaram as respectivas histórias para se dizer filhos da esperança e companheiros de luta e de paz, deixando claro de saída  com quem queriam falar, nas palavras do ainda governador de Pernambuco, com um povo alegre, mestiço, misturado, guerreiro.

Campos incorporou, vamos dizer assim, a mística lulista. O governo Dilma apanhou bastante, mas Lula foi preservado. Lá estava a Petrobrás, o pré-candidato observou que a empresa perdeu metade de seu valor de mercado e viu sua dívida ser multiplicada por quatro. Afirmou que a economia vinha melhorando desde o governo Itamar, e reconheceu o legado de FHC, com as grandes conquistas do governo Lula na conclusão.

Até que, bem, até que Dilma veio estragar tudo. E aí a presidente virou alvo. O peesebista falou de uma nova política sem salvadores da pátria e donos da verdade, referindo-se a Dilma como “ela”. Foi duro. “Ela” teve a oportunidade de receber o legado e poderia ter feito o que se comprometeu a fazer. Acusou a presidente, em seguida, de – aspas – desmanchar o que havia sido feito – fecha aspas.

Na conclusão, numa clara alusão à Copa do Mundo, convidou os brasileiros a entrar em campo e fazer o Brasil campeão. Campos era o mais incisivo, o mais focado na disputa terrena, propriamente. Marina, conforme o esperado, emprestava à cena um certo apelo etéreo, com coisas quase de outro mundo. De saída, afirmou que seu grande sonho era, vejam só, uma – aspas – agenda estratégica que possa ser implementada, independentemente de partidos e de quem esteja no governo – fecha aspas.

É claro que isso não existe. Em certa medida, representaria a morte da política. Ocorre que Marina sempre fala bem com setores da sociedade que repudiam justamente a política. Não faltaram também espertezas, certamente definidas com o auxílio de pesquisas de opinião. Lá estava a chefe da Rede a defender a sustentabilidade.

Até aí tudo bem, mas deixando claro que é possível desenvolver a agricultura sem agredir as nossas florestas, definidas como a galinha dos ovos de ouro. Neste momento, a dupla acenava para o agronegócio. Parece que o candidato do PSB escolheu uma estratégia: colocar-se como verdadeiro herdeiro das conquistas do lulismo, aquele capaz de fazer o Brasil avançar. Dilma, na sua construção, jogou fora uma herança bendita.

Os dados não corroboram essa leitura, mas se está diante de uma construção para disputa eleitoral. Funciona? Ela me parece dotada de uma fragilidade essencial. Basta que Lula venha a público para dizer, afinal, quem é a sua continuadora. Como já disse aqui na Jovem Pan, se o discurso de Campos for extremamente eficiente, e se Dilma se inviabilizar como candidata, há o risco da volta de Lula. E contra este? O que Campos teria a dizer? A julgar pelo discurso desta quinta, nada. Tudo somado e subtraído, no entanto, foi um programa eficiente, que certamente atraiu a atenção de muita gente.

 

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