PT aposta em campanha do “Medo Vencendo a Esperança”

  • Por Jovem Pan
  • 14/05/2014 10h47

Reinaldo, quer dizer que no horário político o PT decidiu fazer a “Campanha do Medo Vencendo a Esperança”?

É isso mesmo, terrorismo puro. Olá internautas e amigos da Pan.

Duda Mendonça, então marqueteiro do PT, inventou em 2002 o slogan da “Esperança Vencendo o Medo”, agora os petistas resolveram o contrário. Em sua inserção na TV ontem a noite, o partido simula cinco situações que oporiam o Brasil do passado, governado pelo PSDB, ao do presente, que é de gerência petista.

Os atores de cada um dos quadros são os mesmos, ontem e hoje. Uma família feliz, por exemplo, está comprando sorvete na rua e olha para si mesma no passado, quando vivia na indigência. Uma lágrima na furtiva rola dos olhos de uma menina. Uma voz em off, meio cavernosa, alerta: “Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo o que conseguimos com tanto esforço. Nosso emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvido a falsas promessas, o Brasil não quer voltar atrás”.

Trata-se de uma mistificação grosseira, no que afirma e no que omite. “Ah, o PSDB fez o mesmo em 1994, em 1998 e 2002. E venceu eleição assim duas vezes”. A afirmação é falsa como nota de três reais. Deixar claro que o PT era contra o Plano Real não era terrorismo eleitoral, mas fato. Pode-se encontrar a propagando do partido na internet, os arquivos da imprensa estão disponíveis.

Aloysio Mercadante, Maria da Conceição Tavares haviam convencido o Lula de que o malogro seria espetacular, e de que os pobres pagariam as contas do ajuste do Real. Eu era editor adjunto de política da Folha em 1994, tentei uma entrevista com Conceição. Sua indignação com o Real era tal que ela começou a gritar comigo. Chorou um pouco e bateu o telefone na minha cara.

A ladainha contra o plano e contra os fundamentos que garantiam estabilidade à economia foi a peça de resistência das campanhas do PT de 1998 e sim, também da de 2002. O lema “O Medo Vencendo a Esperança” escondia o fato de que não havia plano de voo, a não ser mudar tudo isso que está aí. Tanto é verdade que a especulação passou a comer solta.

O PT percebeu que poderia herdar um país ingovernável por causa de sua histórica irresponsabilidade e redigiu então a tal carta ao povo brasileiro, que foi revisada por gente do governo FHC, o que poucos sabem. E eu sustento que foi assim, ainda que os dois ex-presidentes neguem. O tucano sempre silenciou a respeito por elegância, o petista, por oportunismo.

Na história não existe “se”, mas isso nos impede de fazer exercícios lógicos. E se o PT tivesse vencido em 1994? E se tivesse vencido em 1998? E se não tivesse mudado o rumo da prosa a partir de 2003, quando aderiu às práticas com as quais jurava exterminar? O país melancólico, da fome, do desespero, dos meninos que lavam para-brisas no farol. Como a gente sabe isso não existe mais, certo? Das famílias esfomeadas. “Ah, esse seria o país dos tucanos, do governo FHC.

Quem conhece a história precisa ter um pouco de estômago para aguentar tamanha mistificação. Mas convenham, não será por excesso de pudor que o petismo entrará para a história, não é mesmo?

 

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