PT e governo Dilma não aprenderam ainda o valor da liberdade de imprensa

  • Por Jovem Pan
  • 01/04/2014 11h13
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Reinaldo, a presidente Dilma fez ontem um pequeno discurso sobre os 50 anos do movimento militar de 64. O que você achou?

Olha, ela falou um monte de coisa, algumas até certas. Disse por exemplo: “aprendemos o valor da liberdade de imprensa, aprendemos o valor de ir às ruas”. “Nós” quem, cara-pálida? O PT e o governo Dilma não aprenderam ainda o valor da liberdade de imprensa. O partido tentou e tenta acerciá-la de múltiplas formas.

O Planalto sustenta, e Lula fez o mesmo, a rede suja na internet para difamar as oposições, o jornalismo independente e todos aqueles que o governo considera inimigos. Quanto às ruas, cumpre notar que o Brasil é hoje o principal fiado do regime venezuelano.

E Dilma continuou: “nós temos o direito de esperar que sob a democracia se mantém a transparência, se mantém também o acesso e a garantia da verdade e da memória. E portanto da história”. Isso significa então que teremos condições de saber tudo o que se passou e que se passa, por exemplo, na Petrobras? Parece que não.

Em vez de optar pela transparência nesse caso, o governo soltou seus cachorros loucos para fazer ameaças e chantagens. Ora, presidente, a democracia não serve apenas para que penetremos no porões de antigas ditaduras, ela tem de permitir que entremos nos porões da própria democracia, ou democracia não é.

E Dilma prosseguiu, aí num tom professoral: “aliás, como eu disse, quando instalamos a Comissão da Verdade, a palavra “verdade” na tradução ocidental nossa, que é grega, é exatamente o oposto do esquecimento e é algo tão forte que não dá guarida para o ressentimento, o ódio, nem tão pouco para o perdão. Ela é só, e sobretudo, o contrário do esquecimento”.

Aí é uma confusão dos diabos. Esse trololó sobre a verdade ser o oposto do esquecimento na tradição grega, (sons de negativa). A palavra “verdade” tem origem no vocábulo latino veritas , que significa justamente verdade, como a conhecemos, mas também “justiça”, “equidade”, “franqueza”, “sinceridade”. É a mesma origem da palavra verificar, isto é, alguém pode constatar que o que se diz de fato aconteceu.

Mais um pouquinho da fala da presidente: “o dia de hoje exige que nós nos lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso a todos os que morreram e desapareceram. Devemos aos torturados e aos perseguidos. Devemos às duas famílias, devemos a todos os brasileiros. É um processo muito humano e faz parte desse processo, que nós iniciamos com as lutas do povo brasileiro pelas liberdades democráticas, pela anistia, pela Constituinte, pela eleições diretas, pelo crescimento com inclusão social, pela Comissão da Verdade.”

Se nós fomos verificar o que aconteceu, teremos de entrar, por exemplo, no credo da Vara Palmares, um dos três grupos terroristas a que Dilma pertenceu. Eu quero que ela me apresente o credo democrático desses agrupamentos, eu quero verificar. Se é da verdade que nós estamos falando, se é do conceito de veritas latino, pergunto à professora Dilma se as mais de 120 pessoas que foram mortas pelos terroristas integram a sua lista de mártires. Integram? Quem se importa com eles?

Essa fala quer dizer que Dilma defende a lei da anistia? Dilma inventou que a palavra verdade é incompatível com o perdão. Diz também ser incompatível com o esquecimento. Ocorre que anistia quer dizer justamente “esquecimento”, “perdão geral”, tem a mesma raiz da palavra “amnésia”, ouvintes. E se é geral, vale para todo mundo.

E aí, vale para todo mundo ou só vale para alguns, presidente? Sem isso, o seu conceito de verdade não é nem grego nem latino, é só uma empulhação.

 

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