PT não apoiará Maia, que pode ter o apoio do PSDB; Centrão ainda tem três nomes

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 12/07/2016 10h32
Divulgação/Democratas Rodrigo Maia (DEM) - DIV

Um dos arranjos exóticos, ao menos, está fora de cogitação, pelo menos no papel. O PT se reuniu nesta segunda-feira e decidiu que não vai apoiar, para a Presidência da Câmara, nenhum dos candidatos que, lá na linguagem deles, está comprometido com o “golpe”. Isso quer dizer que o partido, apesar do estímulo de Lula, não cerrará fileiras com Rodrigo Maia (DEM-RJ). Bem, melhor assim.

Em todo caso, o voto é secreto. Os petistas podem escolher quem lhes der na telha. O placar, numa eleição tão dividida, pode ser, no máximo, presumido. A menos que os companheiros adotem um candidato oficial. O peemedebista Marcelo Castro (CE), ministro da Saúde da reta final do governo Dilma, manifestou a intenção de se candidatar. Em Castro, que o PT não vê como golpista, o partido poderia despejar seus votos. Oficialmente, o namoro com Maia está encerrado.

O deputado do DEM agora passou a ser uma alternativa do PSDB, que já disse ao presidente Michel Temer que não tem condições de votar em Rogério Rosso (PSD-DF) em razão de sua proximidade com o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Assim, Maia poderia ser o candidato a unir as antigas oposições — a questão é granjear apoios fora desse núcleo.

O que o PSDB já decidiu é que não lançará candidato próprio agora. E tudo indica que o PMDB fará o mesmo — sempre destacando que a eventual empreitada de Marcelo Castro seria individual, não em nome do partido.

O tal “Centrão” (PP, PSD, PTB, PRB e PR) reúne 217 deputados. Lançasse um único nome, a fatura estaria praticamente liquidada. São necessários 257 deputados para eleger o presidente. Não seria difícil amealhar outros 40 entre os demais partidos. Acontece que ainda não é certo que Rosso seja o único postulante do grupo. Também estariam dispostos a se lançar Beto Mansur (PRB-SP) e Fernando Giacobo (PR-PR). Fora desse imbróglio, Heráclito Fortes (PSB-PI) diz que mantém a sua candidatura.

É bem provável que a eleição só se decida num segundo turno. Tudo o mais constante — e vamos ver que peso terá no jogo o mercado das denúncias —, é possível que Rosso seja um desses nomes. O outro pode até ser Rodrigo Maia, que contaria com uma boa largada de 78 deputados (27 do seu partido e 51 do PSDB).

Bem, agora as coisas estão, vamos dizer assim, mais de acordo com o figurino. Que Maia seja o candidato de um núcleo formado por DEM e PSDB, eis uma coisa que parece muito razoável. O que não fazia sentido era aparecer na foto de braços dados com o PT. Também não parecia razoável os tucanos, numa articulação que já nascia morta, apoiando a eventual candidatura de Júlio Delgado (PSB-MG), que não emplacou.

Para arrematar: por que a indefinição sobre o número de candidaturas? Porque o Palácio do Planalto resolveu ficar longe da disputa, não endossando nenhum nome. E foi a coisa certa. Os candidatos têm é de tentar convencer os seus pares. Se o Planalto se metesse, abriria a fila dos que votam ou deixam de se candidatar em troca de vantagens.

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