Putin revela novamente face autoritária em repressão a instituto de pesquisas

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 07/09/2016 07h42
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EFE/Yuri Kochetkov Vladimir Putin

Como se pode reagir a uma pesquisa eleitoral menos camarada? Uma opção é aceitá-la como parte do jogo democrático Também é possível tentar desmemerecê-la, alegando que sua metodologia está errada. Outro caminho é rebater com uma pesquisa mais amigável.

Mas Vladimir Putin sendo Vladimir Putin, a alternativa é diferente. O governo russo está abafando o Centro Levada, o único instituto de pesquisas independente no país. A truculência mostra o nervosismo de Putin duas semanas antes de eleições parlamentares.

O regime de Putin sempre encontra uma desculpa para se livrar de verdades inconvenientes, ele que é mestre na dezinformatsiya. Desta vez, o ministério da Justiça anunciou que está listando o Centro Levada como um “agente estrangeiro”. Assim, o governo tem um cheque em branco para tolher suas atividades, impedindo que realize o seu trabalho.

E o padrão de trabalho do Centro Levada é profissional. Dias atrás, sua pesquisa revelou que o apoio ao Rússia Unida, o partido governista, caiu de forma acentuada em agosto, de 39% para 31%, em relação à sondagem realizada em julho.

Putin prefere não assumir uma ditadura escancarada. A opção é vestir uma fantasia democrática. Ele e seu partido venceriam eleições mesmo sem sujeiras, fraudes e intimidação, mas o modus operandi nocivo está no DNA de um regime movido a revanchismo, paranoia e teorias conspiratórias.

Ironicamente, esta fachada democrática é arranhada ou danificada pelo próprio regime como na agressão a um instituto independente de pesquisas.

Irregularidades e fraudes nas eleições parlamentares de 2011 desfecharam maciços protestos de rua em Moscou. O resultado foi mais repressão. E agora são dias particularmente ingratos para a população russa com os preços do petróleo mais baixos, um motor da economia nacional.

O Centro Levada foi criado em 1988, nos tempos da abertura comunista, a glasnost, por sugestão do então líder soviético Mikhail Gorbachev. A ideia era justamente um instituto que aferisse as coisas de forma objetiva e revelasse as verdades inconvenientes.

São missões cada vez mais dificeis de serem cumpridas quando o manda-chuva é o ex-agente da KGB Vladimir Putin.

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