Quando Dilma fala que vai ser candidata, ela fala aos petistas

  • Por Jovem Pan
  • 01/05/2014 15h08
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Reinaldo, a presidente Dilma disse ontem que será candidata com ou sem o apoio da base aliada. O que você acha?

Eu acho é que ontem ela andou falando demais, o que é sinal de desespero. Dilma de fato afirmou na Bahia que será candidata com ou sem o apoio dos aliados. E resolveu dar uma filosofada, que é sempre a hora que mais temo e em que meu coração dispara e meu cérebro entra em ebulição, porque sei que virá algo grande.

Referindo-se a membros da base aliada, que não a querem candidata, afirmou: “Sempre, por trás de todas as coisas, existem outras explicações”. Uau! Pô, que presidenta inteligenta! Talvez esteja citando Karl Marx, consta que até deu aula sobre marxismo na juventude. Deus do céu.

Segundo Marx, se a aparência das coisas coincidisse com a essência, a ciência seria inútil. Mas vejam aonde isso nos leva, e posso imaginar os tumultos de pensamento da governanta. O raciocínio em cima das causas não têm fim, ou têm. Dilma deve ter chegado ao Santo Tomás de Aquino e a uma das provas da existência de Deus, que é, como definiu o grande pensador, “a causa não causada das causas”.

Mas pode ser também que não estivesse pensando em imanências, e só na forma como o governo costuma alimentar a base aliada. Com cargos, não é mesmo? Ou seja, por trás de todo o apoio, sempre há dinheiro público. Isso não é nem Marx nem Santo Tomás, é só o jeito de o PT governar.

Agora vamos pensar no conteúdo político da fala para além da filosofada presidencial. Ao afirmar que será candidata com ou sem o apoio da base aliada, Dilma não está enviando um recado aos outros partidos não, mas aos petistas mesmo. Está é falando com a turma da sua legenda que está engajada no chamado “volta Lula”.

É evidente que, ao fazê-lo, emite um sinal óbvio de fragilidade. Ninguém faz uma afirmação nesse tom, com o sotaque heroico sacrificial, sem estar bem na fita, não é mesmo? Se está forte, seguro da vitória. Até porque isso faria dela uma candidata invulnerável e certamente não haveria risco de deserções, como há agora.

Que fique claro, a presidente tem se ressentido da falta de entusiasmos dos próprios petistas, o que levou Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência, anteontem, a usar uma entrevista para convocar os próprios companheiros a fazer a defesa de Dilma. A coisa está feia.

Quem diz que será candidata com ou sem o apoio da base aliada não será candidata sem o apoio da base aliada. É óbvio, e ponto.

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