Quantas vezes já se disse? Desta vez, Donald Trump (não) implode

  • Por Caio Blinder
  • 06/06/2016 09h21
EFE/TANNEN MAURY Donald Trump

Quantas vezes já se disse? Desta vez, Donald Trump implode. Nenhum político em país democrático sobrevive se dispara tantos insultos, se fala em voz alta tantas barbaridades. No entanto, o candidato presidencial republicano supera barreira atrás de barreira, barreiras que incluem insultos contra heróis de guerra, mexicanos, mulheres, muçulmanos, deficientes físicos, jornalistas e, claro, blasfêmias contra fatos inquestionáveis.

Agora, Trump coloca mais água na fervura racial com seus ataques contra um juiz de origem mexicana chamado Gonzalo Curiel, que preside processo por fraude de ex-alunos de um curso imobiliário chamado Universidade Trump. O bilionário alega que é um caso de conflito de interesses e mente sistematicamente que o juiz é mexicano, já que  este nasceu nos Estados Unidos. Trump alega que o juiz quer prejudicá-lo porque não gosta do seu plano de construção de um muro na fronteira entre Estados Unidos e México.  Não se conhece nenhuma opinião pública do juiz sobre a proposta.

O megaempresário, com sua cara de pau habitual, insiste que os ataques contra o juiz não são racistas, mas não existe outra definição para classificá-los. Afinal, ele alega que o juiz é parcial por ser (de origem) mexicano. No geral, a liderança republicana se resignou a Trump e, mesmo quando não expressa entusiasmo, o endossa. No entanto, a condenação, neste caso, tem sido fulminante.

Em primeiro lugar, por ser uma barbridade, confirmando o descaso do candidato com a independência do Judiciário e, em segundo lugar, por aumentar a distância entre o partido e a minoria latina, a que mais cresce no país. Como disse Newt Gingrich, o ex-presidente republicano da Câmara dos Deputados, as declarações de Trump sobre o juiz são simplesmente inaceitáveis. E o atual presidente da Câmara, o republicano Paul Ryan, diz que discorda completamente de Trump nesta história.

Algo especialmente escandaloso na controvérsia é o ataque pessoal do presidenciável contra o magistrado, em um caso que envolve os interesses pessoais de um possível rpesidente americano. Fica patente que Trump é incapaz de separar o público do privado quando ambiciosa dirigir o país mais poderoso do mundo. De novo: apesar de tudo, ele chegou onde nenhum candidato de um grande partido americano chegou. Difícil esperar que ele trace os limites. Isto caberá aos eleitores determinarem.

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