Quanto mais passa o tempo, mais difícil fica para o TCU fazer o que quer o governo

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 27/08/2015 14h58
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Wilson Dias/Agência Brasil Wilson Dias/Agência Brasil Ministro do TCU Augusto Nardes durante recebimento de primeira explicação do governo sobre pedaladas fiscais de Dilma Rousseff em setembro de 2016

O TCU (Tribunal de Contas da União) concedeu mais 15 dias para o governo se explicar. O adiamento nasce de uma manobra que era parte daquele acordão da semana retrasada. O senador governista Otto Alencar (PSD-BA) cobrou explicações adicionais sobre as contas do governo — fingindo-se de excessivamente rigoroso —, e o tribunal concedeu o novo prazo.

Como diz um amigo, 15 dias constituem tempo suficiente para boi voar em Brasília. O Planalto espera operar as suas feitiçarias nessas duas semanas. Renan Calheiros (PMDB-AL) havia se comprometido a tentar virar três votos. Que se saiba, não foi bem-sucedido até agora. Ao contrário: a se confirmar o que vai pelos corredores, um voto antes em favor do governo mudou de lado.

O PT é rudimentarmente esquerdista. Com um pouquinho de formação, saberia que determinados processos, se duram muito no tempo, acabam mudando de estado e se pode obter até o contrário do que se pretende. O que quero dizer com isso?

Quanto mais o TCU demora a votar o relatório de Augusto Nardes, que vai recomendar ao Congresso a rejeição das contas de Dilma, pior para o governo. Por quê? Porque um resultado eventualmente positivo cairá em tal descrédito que a emenda será pior do que o soneto.

A esta altura, resta ao tribunal, ou à maioria dele, aquiescer com o pedido de rejeição, ou passará para a história como uma reunião de farsantes, suscetíveis a pressões, que fazem, no fim das contas, o que quer o Executivo, embora sua missão seja auxiliar o Legislativo.

Se o governo não estivesse fazendo marcação homem a homem, vá lá… Mais tempo serviria ao propósito de melhorar a defesa. Mas todos sabemos que não é isso o que está em curso. O que se procura é retardar o máximo possível a votação para ver se há tempo de mudar algumas opiniões, sabe-se lá com quais instrumentos.

Na lista de nomes sob influência de Renan estão Bruno Dantas, Vital do Rêgo e Raimundo Carreiro. Vamos ver. Os três eram tidos, inicialmente, como potenciais votos em favor da recomendação para que se rejeitem as contas.

Depois que o acordão foi denunciado, a vida do trio não ficou fácil. Os apelos e o assédio para que não cedam às pressões do governo partem de todo canto — até da esfera familiar.

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