Quantos da extrema esquerda votarão em Marine Le Pen no 2º turno?

Na quarta-feira, eu falei sobre os caminhos comuns percorridos pelos populistas de esquerda e de direita, o que ajuda a explicar como Donald Trump fascina a nova direita e revigora a velha esquerda na América Latina. Um fenômeno similar tem lugar na eleição presidencial francesa, cujo primeiro turno vai acontecer em abril.
Marine Le Pen e Jean-Luc Mélenchon, candidatos de extrema direita e de extrema esquerda, têm praticamente o mesmo programa econômico, com a arenga de remover a França da União Europeia em nome do patriotismo econômico e protecionismo nacional. A diferença é que Mélenchon não vai para o segundo turno, enquanto tudo sinaliza que Marine Le Pen irá enfrentar o independente de centro-esquerda Emmanuel Macron.
Para quem não sabe, o ressentimento e as propostas retrógradas de Marine Le Pen contra a União Europeia e genericamente contra a globalização seduzem tradicionais eleitores do Partido Comunista, em particular em decadentes áreas industriais.
Assim como outros líderes populistas europeus, com a benção do papa Trump, Marine Le Pen quer implodir a União Europeia. Ela pede um referendo Frexit, nos moldes do Brexit, que em junho passado culminou na decisão de saída da Grã-Bretanha da União Europeia. O jargão da líder da extremista Frente Nacional pode ser encontrado em qualquer panfleto de extrema esquerda com as denúncias contra a “tirania econômica” das elites.
Basta ver o jargão de Mélenchon. Ele diz que a “Europa dos nossos sonhos está morta, com o mercado único e os povos europeus submetidos à tirania dos bancos e das finanças. Como sair deste pesadelo”.
As propostas extremistas são centradas no protecionismo comercial e industrial. Nas duas plataformas, existem as propostas de “combater o dumping de produtos estrangeiros”, “restaurar a soberania nacional monetária” e “criar impostos favoráveis à produção nacional”. Os dois candidatos abominam a austeridade fiscal, prometendo mundos e fundos para as massas.
Existem distinções sobre a estratégia de combate. Para Marine Le Pen, como eu disse antes, o caminho é o referendo. Já para Mélenchon, é fundamental a mobilização das forças populares.
Será curioso saber quantos eleitores de Mélenchon irão votar em Marine Le Pen no segundo turno.
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