Quantos Trumps o sistema poderá tolerar?

  • Por Caio Blinder
  • 20/07/2016 10h40
EFE Trump convenção

 Terça-feira, dia 19 de julho de 2016.  Donald Trump foi oficializado candidato à presidência dos EUA por um dos seus dois grandes partidos, o Republicano.

É um dia sinistro para a mais poderosa democracia do mundo quando um dos seus dois grandes partidos escolhe alguém tão indigno para o cargo.

Edward Luce escreve, no Financial Times, que Trump “lidera a fuga do Ocidente da dignidade”. O primeiro ponto de inquietação é o fato do magnata ser o primeiro candidato de um dos dois grandes partidos, desde a Segunda Guerra Mundial, a rejeitar o consenso globalista nos EUA. Por este motivo, eu o considero uma ameaça à civilização ocidental.

Mas, como escreve Luce, existe um outro ponto problemático: o impacto do candidato na saúde da democracia americana. E aqui estão três motivos:

O primeiro é o fato de alguém alcançar esta indicação presidencial apesar de tornar bodes expiatórios categorias inteiras de pessoas: imigrantes ilegais, muçulmanos, mulheres que ele não considera atraentes ou repórteres com deficiências físicas.

O segundo se baseia no contexto em que Trump deu respeitabilidade à política pós-factual. Ele fala o que bem entende, sem compromisso com fatos elementares. E aqui, acrescento o que escreveu Bret Stephens, no Wall Street Journal, Hillary Clinton mente; Trump é pós-moderno. Ele é desconectado do conceito de verdade.

Por fim, o terceiro ponto é a falta de compromisso do bilionário com as regras que regem uma sociedade. Ele não encampa as leis de respeito mútuo em nome da baboseira do politicamente incorreto, que se tornou uma licença para avacalhar qualquer regra ou qualquer pessoa.

Pelo menos 40% dos americanos irão votar, em 8 de novembro próximo, neste candidato consagrado em 19 de julho. A pergunta inquietante de Edward Luce é: quantos Trumps o sistema pode tolerar?

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