Que os britânicos votem com esperança, não medo, e que ganhe o “fico”!
Neste começo de semana, existe um suspiro de alívio nos mercados globais com as pesquisas mostrando ser mais provável que os britânicos não espirrem o país da União Europeia no referendo, agendado para a próxima quinta-feira (23).
Ações, a libra e o preço do barril do petróleo estão vitaminados. O maior estímulo é a pequisa publicada no jornal Mail on Sunday, mostrando que 45% dos britânicos são favoráveis ao “fico” no bloco econômico e 42% estão a favor da saída, no chamado “Brexit”. Uma análise das pesquisas dá um empate técnico de 50 a 50.
No entanto, o dado mais importante é o pique a favor da permanência após uma fase de inclinação pela saída, reforçado pelo choque causado com o assassinato, na semana passada, da deputada trabalhista Jo Cox, favorável à permanência.
A deputada foi assassinada por um militante ultranacionalista. A parlamentar era uma conhecida ativista humanitária e da causa dos refugiados. Jo preparava um informe sobre o perigo dos radicais nacionalistas e havia gravado um vídeo sobre como combater a islamofobia.
Os economistas e os mercados sempre votaram pelo “fico”, mas ficaram tensos, nas últimas semanas, quando o sentimento popular se voltou contra a união continental, em particular devido ao fator imigração.
A campanha pela saída bate na tecla de que, com a Grã-Bretanha fora de Bruxelas, seria mais fácil conter imigrantes. O argumento é potente num cenário de Europa e EUA alimentados por sentimentos nativistas, xenófobos e islamofóbicos. Amplos setores nas sociedades ocidentais se mostram inclinados a darem uma “trumpada”, ou seja, de seguirem a mensagem demagógica de Donald Trump.
O medo sempre é fator chave numa votação. Muitas vezes bate a esperança e por um bom motivo. Assim, eu sempre cravei meu voto pelo “fico” com a ideia de que, na hora E (Exit, em inglês, saída), o eleitor britânico ficará com medo das consequências catastróficas do desligamento com a União Européia, assim como os mercados e investidores.
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