Queda de avião serve de propaganda a Estado Islâmico e Vladimir Putin

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 03/11/2015 12h47
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Destroços do avião russo que caiu na Península do Sinai EFE Avião russo cai no Egito matando 224 pessoas

O desastre com o Airbus da empresa aérea russa Metrojet no sabado, na península do Sinai, que matou todos os 224 passageiros e tripulantes a bordo, segue sendo manchete global, especialmente pelo local onde ocorreu e as especulacoes sobre responsabilidade do terror islâmico. O Airbus fazia a rota entre Sharm el Sheik, no Egito, e São Peterburgo, na Rússia. Voo atulhado de veranistas e obviamente existe clima de luto e comoção no país. A península do Sinai, onde ocorreu o desastre, é ativo teatro de operaçoes de terroristas afiliados ao movimento Estado Islâmico, que ocupa vastas porções da Síria e Iraque e é conhecido pela barbárie suprema. Estes militantes no Egito foram rápidos para assumir a responsabilidade, alegando ter sido represália aos ataques aéreos russos na Síria a favor da ditadura de Bashar Assad, que combate tanto o Estado Islâmico como outros grupos rebeldes.

Cedo para saber e esta reinvidicação não está sendo levada a sério, vista mais como propaganda. A companhia aérea também se apressou para culpar influência externa pelo desastre, descartando falha técnica ou erro do piloto. Por esta versão da empresa aérea, e como eu já disse prematura, teria sido uma falha estrutural para explicar a desintegração do avião no ar. O diretor da inteligência americana, James Clapper, considera improvável que tenha sido terrorismo. E de fato parece difícil de acreditar que os terroristas na região possuam míssies com alcance suficiente para atingir um avião na altitude em que se encontrava o airbus da empresa russa. Uma possibilidade, porém, é uma forma mais convencional de terrorismo como uma bomba no aparelho.

As investigações sobre o desastre são multinacionais e vão levar semana ou meses. Ironicamente, existe uma narrativa que é conveniente para o regime russo de Vladimir Putin, um mestre da propaganda. É a ideia de terror islâmico para justificar um combate sem tréguas contra a ameaça global, liderada pela própria Rússia e exigindo a aliança com ditaduras como a de Bashar Assad. A guerra civil síria é complexa, mas a intervenção tem o objetivo de fortalecer a ditadura de Assad e enfraquecer os grupos que combatem tanto esta ditadura como o Estado Islâmico.

Um dos motivos para a Rússia intervir na Síria é desviar as atenções de sua intervenção na Ucrânia, que aliás faz lembrar outro terrível desastre aéreo. Em julho do ano passado, o avião da Malaysian Airlines na rota Amsterdã/Kuala Lumpur, caiu no leste ucraniano controlado por separatistas pró-russos. Em Moscou, surgiram as teorias conspiratórias mais mirabolantes, sempre distantes do que se configura como o mais lógico. A queda do avião, que causou a morte de 298 pessoas, aconteceu devido ao dísparo de um míssil de uma bateria operada por russos atuando com os separatistas achando que se tratava de um avião de transporte das forças governamentais ucranianas.

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