Quinze de março foi só o início: só um país mudo não muda
Ontem, domingo, fui mais uma na multidão, quase afogada de emoção, naquele mar sem fim de gente que tomou a avenida Paulista.
Não se via tanta gente junta assim, protestando por um mesmo objetivo, desde o Movimento Diretas Já.
Ontem, o povo brasileiro deu uma aula de cidadania, de civismo e civilidade.
Convocados pela própria consciência, movidos pelo amor ao país, os manifestantes ocuparam as ruas pacificamente, com alegria, bom humor, com respeito, mas também com indignação.
Vieram de graça, sem cachê, e a única recompensa que esperam é um Brasil melhor.
Ontem, vi nossa bela bandeira tremular em tantas mãos, num movimento genuinamente patriótico, vi tantos rostos pintados com as cores da nação, vi cartazes com muitos BASTA, ouvi o soar das panelas irrequietas e vozes que gritavam em uníssono: “Fora Dilma! Fora PT!”
É a voz das ruas. É a voz do povo. Nenhum governo ou parlamentar poderá dizer que não escutou esse brado retumbante. O mundo inteiro ouviu e viu o Brasil clamar pelo impeachment da presidente, persona non grata número um do país.
Já o Governo emudeceu. Alvo dos protestos, Dilma, mais uma vez, se esquivou, se escondeu. Como Maria Antonieta, a perdulária rainha que perdeu literalmente a cabeça na Revolução Francesa, nossa presidente permanece encastelada no Planalto, longe do povo, alheia a tudo que lhe cerca. Falou por seus vassalos e foi, novamente, respondida com panelaço de norte a sul.
Não. As ruas não foram tomadas pela elite branca opressora – quem dera tivéssemos tantos ricos neste país de miseráveis.
Não. O descontentamento com o governo não é partidário nem ideológico, não é regional ou social – é geral!
Quinze de março foi só o início. Uma jornada sempre parte de um primeiro passo. E assim como a chuva não começa como tempestade, toda revolução nasce de um grito – grito de insatisfação. Ontem o Brasil não se calou. Foi mais de um milhão de vozes. Só um país mudo não muda.
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