Rachel Sheherazade: se você ainda não adotou seu bandido, sustente um
Há muito tempo tem me incomodado um certo benefício a que têm direito todos os criminosos que, de alguma forma, contribuíram com a Previdência Social: o auxílio reclusão. Como se já fosse pouco para nós contribuintes arcarmos com a estadia dos marginais na prisão… Temos mais esse encargo. O “bolsa bandidagem” é pago pela Previdência ao criminoso, enquanto o marginal estiver atrás das grades ou no regime semi-aberto. O benefício corresponde ao valor de R$ 971,78, bem mais do que ganha um trabalhador decente, mesmo com o reajuste do salário mínimo que passou este ano para R$ 788.
O “bolsa bandidagem” parece um prêmio do Estado a quem vive fora da lei. Nessa lógica perversa, vale mais a pena viver para roubar do que trabalhar para viver.
Através do auxílio reclusão, a lei atual ampara piedosamente o malfeitor, sua mulher e seus filhos, mas, deixa, à míngua, as vítimas dos criminosos e suas famílias.
A maioria delas não tem qualquer auxílio, seja jurídico, financeiro, psicológico ou de assistência social.
Esses pobres desvalidos não merecem nem a visita dos Direitos Humanos
Vítimas de estupro terão de conviver com esse profundo trauma para o resto de suas vidas. Mães que perderam seus filhos levarão consigo o castigo do luto eterno. Filhos, cujos pais foram assassinados, crescerão sem uma família, sem um lar e sem o sentimento de justiça – claro!
Indenização contra os danos sofridos? Nem pensar! O Estado brasileiro está mais preocupado em garantir que o preso tenha o melhor tratamento dentro da prisão e que saia de lá o quanto antes, pois, acredita que penitenciárias são locais por demais desumanos, para gente tão “humana” quanto assassinos, ladrões, pedófilos e estupradores.
Felizmente, para revolta dos defensores de bandidos – aquela gente boa, caridosa, que adora amparar as “vítimas da sociedade”, foi proposto um projeto de lei que pretende acabar com o auxílio reclusão.
A PEC é de autoria da deputada Antonia Lúcia, do PSC do Acre, e não só extingue a mamata dos criminosos, como também cria um benefício em favor de suas vítimas no valor de um salário mínimo.
Uma enquete lançada pelo site da Câmara e que já contabiliza 1 milhão, 527 mil e 851 votos, mostra que quase 96 por cento dos internautas são contra a manutenção do auxílio reclusão.
A pesquisa é um recado direto aos parlamentares: os eleitores brasileiros exigem o fim desse descalabro.
Se a Proposta for aprovada e sancionada será uma forma de fazer justiça com as verdadeira vítimas da sociedade: os cidadãos de bem, abandonados pelo Estado e entregues à crueldade dos criminosos.
Se a proposta vingar e o auxílio acabar, prometo que vou lançar uma nova campanha aos defensores de marginais.
“Se você ainda não adotou seu bandido, agora sustente um!”
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