Racismo no futebol exige de Dilma mais que comentários no twitter

  • Por Jovem Pan
  • 10/03/2014 14h04
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Reprodução/Twitter Dilma faz comentários no twitter sobre racismo

Nêumanne, afinal de contas, de quem é a culpa pela explosão de manifestações racistas nos estádios brasileiros?

Em pleno domingo, a presidente Dilma Roussef se manifesta, pelo twitter, dizendo que o futebol brasileiro foi manchado pelas cenas de racismo contra o árbitro Márcio Chagas da Silva e o jogador Arouca. Na rede social, sua excelência disse que Márcio e Arouca têm toda a solidariedade dela, assim como a de todos os brasileiros. É inadmissível, segundo ela, que o Brasil, a maior nação negra fora da África, conviva com cenas de racismo.

Pois é… Quando escreve através de algum assessor ou quando fala por um assessor, a presidente consegue até colocar em português as coisas, mas não consegue fugir da platitude. A essas alturas do campeonato, com todas as manifestações de racismo, que mancham mesmo o futebol brasileiro, espera-se do governo, espera-se da Justiça, espera-se do Legislativo maior efetividade.

Acontece o seguinte: as coisas que acontecem no futebol, seja a violência que termina em morte, sejam essas inaceitáveis manifestações racistas, ficam restritas ao campo esportivo. Não pode. Não são manifestações esportivas. São manifestações antissociais, de segregação. Isso tem de ser combatido na forma da lei. A Polícia tem que prender, a Justiça tem que julgar e condenar. O racismo é inaceitável.

E a presidente da República, que tem maioria absoluta no Congresso, não faz nada? Fica se manifestando através do twitter, como se fosse uma adolescente, comemorando, comentando alguma coisa. O Brasil precisa de mais do que isso. O Brasil precisa mais da presidente que elegeu. O Brasil precisa mais da Justiça, que é lerda e que é inerte. E mais dos dirigentes do futebol.

O historiador negro Léo dos Santos disse na Folha, com toda razão, que os dirigentes, os cartolas é que são os grandes responsáveis por essa onda inesperada, que veio não sei de onde, de racismo que se abateu sobre nossos estádios.

E quando acontece no Peru, todo mundo reclama. Ah, mas, no Brasil, a crônica esportiva se cala, a imprensa, em geral, se cala, e a presidente fica mandando recadinho pelo twitter. Olha aqui: o mínimo que teria de acontecer com uma coisa desas é que os juízes recebessem, das federações, ordem para acabar o jogo na hora em que a manifestação racista começar. E só recomeçar quando ela parar. E se não parar, acabar o jogo de uma vez.

O time de cuja torcida sair a manifestação racista tem que perder os pontos, tem que ser afastado do campeonato. Ao contrário do que disse o campeão do mundo Rivaldo, presidente do Mogi Mirim, cuja torcida xingou o Arouca depois de um belíssimo gol, ao contrário do presidente do Esportivo de Bento Gonçalves, esses dirigentes têm de assumir a responsabilidade.

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