Reação de Israel foi muito dura, mas também foi merecida

  • Por Jovem Pan
  • 25/07/2014 15h14

Nêumanne, a nota que o governo brasileiro soltou a respeito da invasão de Gaza pelo exército de Israel provocou uma reação muito dura em Israel com razão ou sem razão?

É, o governo brasileiro protestou ao embaixador de Israel em Brasília, Rafael Heldad, que foi chamado ao Itamaraty para saber que o uso de força pelo país dele contra Gaza foi considerada desproporcional pelo governo brasileiro. O chefe da embaixada do Brasil em Tel Aviv foi convocado a retornar à Brasília e esses gestos demonstram desagrado.

Veja bem, o governo de Israel reagiu com muita dureza, nesta quinta-feira, a essas críticas. À Folha de S. Paulo, a chancelaria de Israel garantiu que o comportamento do Brasil ilustra a razão por que esse gigante econômico e cultural permanece politicamente. Além disso, o governo de Israel disse que o Brasil escolhe ser parte do problema ao invés de integrar a solução.

Olha, a reação de Israel foi muito dura, mas também foi merecida. Desproporcional me lembra conversa de crítico de arbitragem de futebol, que fala em força desproporcional. Vai ver que o pessoal do Itamaraty está vendo muita transmissão de futebol pela tv, viu a Copa, e resolveu adotar essa expressão.

Acontece que a expressão também pode servir para dizer que a reação do Brasil à invasão de Gaza é desproporcional à reação que o Brasil não teve, por exemplo, quando – a exemplo de Hitler com os Sudetos – o Vladimir Putín, presidente da Rússia, anexou a Península da Crimeia, que pertencia à “URÂNIA” (sic), ao seu país. O Brasil também não se moveu a respeito do conflito sangrento e violento na Síria. O governo brasileiro não se manifesta a respeito das violações aos direitos humanos na China. O governo brasileiro é cúmplice de Fidel e Raul Castro. Por que é que agora, de repente, resolveu, depois de assumir uma posição completamente solitária de apoio ao Vladimir Putín – quanto mais Putín fica isolado, mais Dilma o acolhe -, resolveu também agora entrar no conflito antigo de Israel.

Tenho posições sobre esse conflito, mas a principal delas é a seguinte: é melhor não se meter, é um conflito milenar. Já que não se meteu nos outros, por que é que o Brasil resolveu se meter logo nele?

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