Reunião de assinaturas no Senado para criar CPI da Petrobras dá certo

  • Por Jovem Pan
  • 27/03/2014 10h36

Reinaldo, você previu aqui ontem que não seria difícil conseguir as assinaturas no Senado para criar a CPI da Petrobras. Parece que deu certo. E como reage o governo?

É, deu sim. No Senado já se o número suficiente, acertei na previsão porque a matemática e a política me autorizavam. O PSDB conta com dez senadores, o DEM com cinco e o Psol com um. Somam-se aí, 16. Esperava-se que os quatro do PSB, de Eduardo Campos, aderissem. Afinal ele é candidato à presidência em oposição à Dilma Rousseff. Se fugisse da batalha poderia ir brincar de outra coisa.

Já se somavam aí 20 assinaturas, eram dadas como certas adesões dos pê-emedebistas  Jarbas Vasconcelos, de Pernambuco, e Pedro Simon, do Rio Grande do Sul. Dos pê-detistas Pedro Taques, do Mato Grosso, e Cristóvão Buarque, do Distrito Federal. E de Ana Mélia, que é o PP do Rio Grande do Sul. Já se chegava a 25.

Três outros senadores, de partidos governistas aderiram. Clésio de Andrade, do PMDB de Minas Gerais, Eduardo Amorim do PSC de Sergipe e Sérgio Petecão, do PSD do Acre. Pronto, já são 28. Um a mais do que os 27 necessários. E essa conta ainda pode chegar a 31.

Na Câmara, até a noite de ontem, havia 143 assinaturas, das 171 necessárias. Caso se chegue ao número mínimo, nas duas Casas, faz-se uma CPI mista. Se o esforço na Câmara for mal sucedido, aí se faz a comissão do Senado.

O governo, no seu esforço para tentar impedir a CPI ou qualquer investigação que fuja ao estrito controle oficial, não tem se poupado e nos poupado do ridículo. Quem deu a largada foi o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, segundo o pé claro, o pedido de investigação encaminhado para um grupo de senadores ao procurador-geral da República, não se justifica porque não haveria fato novo. Ora, e quem disse que os conhecidos já não são o bastante?

Mais, Cardozo afirma que se trata de uma ação de caráter político e eleitoral. Acusação repetida por agora apenas pela senador Gleise Hoffman, do PT do Paraná, que era ministra da Casa Civil até outro dia. Então o PT, quando era oposição, nunca se esforçou para criar uma CPI em ano eleitoral? Então o PT não luta por CPIs nos estados e nas cidades em que é oposição?

Ora, tenham santa paciência. Até o quase sempre contido Paulo Bernardo, ministro das Comunicações e marido de Gleise, resolveu dar a sua contribuição à bobagem. Segundo ele, a CPI é do interesse da oposição. Não me diga ministro. Em todo o mundo democrático CPIs são instrumentos de que dispõe as respectivas oposições.

O PT é um partido curioso, acha que é normal que governistas defendam o governo. O que eu também acho. Mas considera um absurdo que os oposicionistas o critiquem,  o que eu obviamente não acho. Governos existem em todos países do mundo, também nas piores tiranias.

Vejam agora o caso da Coreia do Norte, Kim Jong-un, aquele anãozinho tarado que governa o país, decidiu que todos os homens devem ter o cabelo cortado como o seu. Raspar as laterais da cabeça e deixar aquele tufo no topo. O que faz de um país uma democracia é haver oposição, senador Gleise Hoffman. E sua função, veja a senhora, é se opor.

Dilma afirmou que o conselho da Petrobras tomou uma decisão com base num relatório omisso. Graça Foster criou uma comissão interna para investigar a lambança de Pasadena. O Tribunal de Contas da União investiga a compra. Porque o Congresso, como disse Eduardo Campos, haveria de ficar de joelhos?

De resto, porque tanto medo de uma CPI da Petrobras? Se Dilma disse que foi enganada, se Graça Foster disse que foi enganada, porque o Parlamento deve ficar longe da investigação? O PT não se conforma que oposicionistas façam oposição. É ódio à democracia.

Enquanto isto aqui não for a Coreia do Norte, não precisaremos cortar os cabelo à moda do anãozinho tarado e a oposição continua com a prerrogativa de fazer oposição.

 

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