Revelo quem são os autores da falsa lista da Odebrecht

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 01/02/2017 09h41
Reprodução Pós-verdade Reinaldo Azevedo

Bem, é evidente que a “Lista da Odebrecht”, que traz um tal “Reinaldo Azevedo”, é falsa, tenham ou não tentando associar essas duas palavras a mim. No debate político ao menos, o “Reinaldo Azevedo” mais conhecido, ou “famoso”, sou eu mesmo, este que articula estas mal traçadas…

Já houve outras tentativas de meter meu nome na lama. Vai ver compro as brigas que compro porque tenho o rabo preso, não é? Aí grita a voz da vulgaridade fascistoide que está tomando vulto: “Ah, não! É rabo solto mesmo…” Por que diabos uma empreiteira, a Odebrecht ou outra qualquer, me daria dinheiro, enquanto se faziam com o petismo os negócios conhecidos? Deve haver nisso alguma lógica.

Aí escreveu um vigarista: “Ah, mas elas financiaram também campanhas da então oposição ao PT”. É verdade! Mas eu não disputo o poder. Nunca disputei. Tampouco me associei a ele, não importa qual e em que instância. A revista “Primeira Leitura”, e quem tem a coleção em casa sabe disto, era crítica ao governo FHC. De tudo o que ele fazia? Não. Mas de uma penca de coisas.

Eu planejei e executei, por exemplo, a primeira capa de revista no Brasil alertando para o apagão de 2001. E muito antes de acontecer. E responsabilizamos, sim, também o governo, não a falta de chuva apenas. Havia faltado planejamento na área.

A publicação seguiu crítica, enquanto durou, ao governo petista, Bem, tudo está arquivado. E depois foi esmagada pelos companheiros. De que modo? Com pressão oficial nas agências de publicidade para que anunciantes privados não escolhessem a revista ou dela se retirassem, como aconteceu. Em 2006, ano em que fechou, o PT podia tudo e mais um pouco. Alguns companheiros podiam, inclusive, acenar, como acenaram, com generosidades de publicidade oficial caso a linha mudasse.

Fechou, mas não mudou.

“Ah, mas poderia ser outro Reinaldo o da lista…” Bem, a corrente de desqualificação que se tentou formar dizia respeito a mim mesmo, não é?

Virei PhD em petistas e petismo. Sei como jogam, conheço as práticas de desqualificação.

A nova onda
Ignoro o autor da lista falsa. Os idiotas se multiplicam nas redes. Mas sei muito bem quem embarcou na baixaria quando ela começou a circular. E, infelizmente, foram, na sua maioria, pessoas que se mostram fanáticas da Lava-Jato, para as quais, exceção feita a elas próprios — e, eventualmente, um juiz e um promotor —, não existe mais honestidade no mundo.

SÃO TÃO HONESTOS, MAS TÃO HONESTOS!!!, QUE REPLICAM LISTAS FALSAS POR AÍ E JOGAM AS PESSOAS NA BOCA DO SAPO.

E sabem o que alegam em sua defesa? Que querem um Brasil mais decente!

Críticas a Cármen
Cumpre perguntar: por que, em certos nichos com esse perfil e, em certos grupos de extrema direita, virei “persona non grata”? Ora, porque me atrevo a cumprir o meu papel e a exercer com dignidade a minha profissão. Quando a Lava-Jato acerta, aplaudo. Quando erra, critico. Quando a ministra Cármen Lúcia (ou qualquer outra pessoa) acerta, aplaudo. Quando erra, critico.

“Ah, mas por que alguém criticaria a ministra?” PORQUE ELA IGNOROU O REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO E TOMOU UMA DECISÃO AUTOCRÁTICA. É um bom motivo? Um funcionário público faz o que a norma (qualquer uma) especifica. E homologar delações não está entre as atribuições de um plantonista do Supremo, durante o recesso.

Atuações duvidosas
Apontar a impropriedade me faz inimigo da Lava-Jato? Isso é uma boçalidade! Ocorre que, infelizmente, determinados comportamentos alimentam a fantasia estúpida de que estão tramado contra a operação. E o engraçado é que nunca se diz quem, afinal, faz isso.

Se Rodrigo Janot, em combinação evidente com Cármen, entra com um pedido de urgência para que a homologação seja feita ainda antes do prazo mínimo dado por Teori, e se toda a imprensa passa a ser pautada pela suspeita de que se está tentando atrasar tudo, bem…, o que se está alimentando? Uma teoria da conspiração. Aquela mesma que assegurava, com todas as falsas evidências, que Teori havia sido vítima de um atentado.

Quando procuradores da República, que se arvoram em legisladores, afirmam que a não-aprovação de suas medidas contra a corrupção — quatro delas fascistóides — fará recuar o combate a malfeitos no Brasil, o que se está sustentando é uma mentira grotesca. Quando uma boa lei que combate o abuso de autoridade, redigida em 2009, é vendida como uma armação contra a Lava-Jato, que é de 2014, o que se quer é o apoio dos estúpidos em favor do que seria a “boa causa”.

Concluo este texto assim, porque ainda voltarei ao tema. Os petralhas viviam dizendo: “Quero ver sobre o que você vai escrever se Dilma realmente sofrer o processo de impeachment…” E eu dizia: “Ah, aguardem pra ver…”

Eu não sabia exatamente sobre o que escreveria, claro! Mas sabia o norte: defesa da democracia, da legalidade, do Estado de Direito, da tolerância, da pluralidade, das liberdades públicas, das liberdades individuais.

É o que sempre fiz, inclusive quando enfrentava o PT quase em absoluta solidão. Embora também a legenda prodigalizasse essas bondades em seu discurso, vimos no que resultaram suas escolhas e que herança nos deixou.

Não tentem me assustar com armações e mentiras! E, obviamente, tampouco me assusta a verdade.

Quem são os autores da falsa lista da Odebrecht? Todos aqueles que confundem o combate à corrupção com a agressão aos fundamentos da democracia.

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