Revolução dos Idiotas 3 – Discurso da Lava-Jato absolve o petismo

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 13/02/2017 09h02
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Marcello Casal Jr/Agência Brasil Manifestação a favor da Lava Jato - ABR

Alguns trouxas sustentam que só passei a ser crítico da Lava-Jato depois que outas siglas, além do PT, entraram na mira. É uma besteira das grossas porque nunca chegou a haver essa atuação exclusiva. Desde os marcos iniciais, três legendas pareciam ter centralidade na coisa: além do PT, também o PMDB e o PP. Logo, nem mesmo existiu esse tempo, esse período histórico.

Tudo o que escrevi ou falei está na Internet. Pode ser consultado — ousaria dizer mais: DEVE SER CONSULTADO. Aplaudi todos os acertos da operação; asseverei a sua necessidade; defendi a sua independência. MAS EU SOU JORNALISTA, NÃO MILITANTE POLÍTICO. Também aponto seus erros, seus desmandos, seus exageros. E eles existiram e existem.

O maior de todos os defeitos da operação é a paixão de procuradores pelos holofotes e a frequência com que ignoram marcos legais. Como são aplaudidos pela esmagadora maioria da imprensa e por grupos que militaram em favor do impeachment, passaram a ver a si mesmos como seres acima do bem do mal. Mas esse é um registro lateral. Não é matéria deste texto.

Desde o começo, chamo a atenção para o fato de que a operação nega o caráter do PT — aquele que me levou ou combate há mais de 25 anos — e serve como tribunal de inquisição e condenação de todo o processo político. Poucos atentam para essa sutileza importante. Ora, nunca ninguém atribuiu ao PT o papel de monopolista da corrupção. Isso é mentira! Aliás, o difícil era o contrário: a gente convencer as pessoas de que também petistas eram corruptos.

Ora, que bom seria se a Lava Jato tivesse nos conduzido hoje à constatação de que precisamos de um regime de governo que impeça o Estado de ser assaltado por um partido. E estaríamos debatendo parlamentarismo. Que bom seria se a Lava Jato tivesse nos conduzido à constatação de que uma sigla só consegue privatizar o Estado porque há estatais demais no Brasil. E estaríamos debatendo privatizações. Que bom seria se a Lava Jato tivesse nos conduzido à constatação de que o PT reestruturou, organizou e disciplinou a corrupção porque se constituía como estado paralelo.

Isso, no entanto, infelizmente, se perdeu em meio a esse berreiro promovido por procuradores, direita chucra e oportunistas, segundo quem está em curso um grande complô para pôr fim à operação. Quanto menos evidências há, mais os convictos se assanham.

“Mas e o famoso PowerPoint do Deltan Dallagnol? Não dava conta justamente dessa centralidade do PT?” Com a devida vênia, aquela foi uma peça de propaganda — como a todos resta evidente — que buscou, pela via das ilações, demonstrar que Lula sempre foi o grande comandante. Pode até ser que tivesse mesmo a palavra última. Mas também o ex-presidente era e é peça de uma engrenagem, de um sistema. E ele se chama “PT”.

A propósito: o sistema está mesmo todo corrompido, como sustentam hoje membros da Lava Jato e setores da imprensa, com uma grande conspiração envolvendo PMDB e PSDB? Mas esperem: e o PowerPoint? Tucanos e peemedebistas estariam tentando se livrar do enrosco com um esquema de que Lula era o chefe?

Há tantas teorias conspiratórias em curso que as pessoas já não sabem mais a qual aderir. Na dúvida, ficam com todas.

O fato é que a Lava Jato esta devastando o processo político — e ainda voltarei a esse particular —; poupando os bacanas que fizeram lambança e que decidiram dar com a língua nos dentes (também falarei mais a respeito) e nos empurrando para o colo das esquerdas em 2018.

Os oportunistas ficam felizes porque podem especular ainda mais.

E a direita chucra se oferece para levar a espora da esquerda. Que coisa linda!

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