Romances geopolíticos de Trump se mostram cada vez mais complexos

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 07/04/2017 06h15
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EFE Donald Trump - EFE

A era Trump prenunciava uma grande jogada triangular. O novo presidente americano iria flertar com Vladimir Putin e esnobar Xi Jinping. Com menos de 100 dias de governo, os romances geopolíticos se mostram mais complexos.

Sob suspeita e investigações em curso se sua campanha eleitoral agiu em conluio com os russos contra Hillary Clinton, além de enojado pela venenosa química entre Putin e o ditador sírio Bashar Assad, o presidente americano mantém uma certa distância de Moscou.

Ele pessoalmente não tuíta insultos contra Putin, como faz com tanta gente, mas pessoal do alto escalão do seu governo expressa claramente a indignação com a parceria entre o czar russo e o ditador sírio.

No caso chinês, tudo é mais carnal. Afinal, Xi Jinping está com Trump no clube privado do presidente na Flórida para o primeiro encontro de cúpula entre a superpotência madura e a superpotência ascendente, responsáveis por 40% da economia mundial.

Trump usou a China como saco de pancada na campanha eleitoral e prometeu que assim que assumisse iria trabalhar para adotar tarifas punitivas. O relacionamento tem sido volátil e tumultuado, especialmente com o ensaio de Trump de não aceitar que Taiwan seja uma mera província renegada da China, ou seja, a provocação de renegar a política de uma China. No entanto, ele já amansou, o que foi uma grande vitória para Pequim. A segunda vitória é a mera realização desta reunião de cúpula de dois dias que termina nesta sexta-feira.

A retórica eleitoral de Trump alarmou os chineses, assim como a promessa de botar para quebrar na crise norte-coreana. Únicos aliados do maluco atômico Kim Jong-un, os chineses sabem que precisam pressionar os norte-coreanos a se comportarem, a destacar com a cessação de testes com mísseis, mas querem limitar a cobrança. E nem pensar em um cerco cerrado que possa levar ao colapso do regime. Nesta cúpula, o presidente Xi Jinping está disposto a convencer Trump que ele não pode agir sozinho contra os norte-coreanos. Nada irá funcionar sem uma parceria.

Os chineses são aferrados a espetáculo coreografados, enquanto Trump é o mandarim da improvisação e imprevisibilidade. A jogada chinesa tem sido paparicar o presidente americano, abusando do seu ego inflado. Se esta cúpula terminar sem grandes surpresas ou manchetes espetaculares, Xi Jinping vai retornar aliviado para Pequim e ainda por cima sem precisar jogar golfe com Trump.

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