Rússia investe na desinformação

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 14/02/2017 07h56
FET12 MOSCÚ (RUSIA), 10/02/2017.- El presidente ruso Vladímir Putin durante su encuentro con el presidente esloveno, Borut Pahor (no en la imagen) celebrado en el Kremlin en Moscú, Rusia hoy 10 de febrero de 2017. Putin, aseguró hoy que espera un gradual restablecimiento de las relaciones con Estados Unidos y la Unión Europea (UE). EFE/Alexander Zemlianichenko **POOL** EFE/Alexander Zemlianichenko EFE - Vladimir Putin

Um ex-coronel da KGB não brinca em serviço. Vladimir Putin já tem um presidente camarada na Casa Branca. Por que não em capitais europeias mais perto de casa? Alvos imediatos são Holanda, França e Alemanha, que realizam eleições gerais este ano. A estratégia de Putin é enfraquecer os partidos pró-União Europeia (de direita ou de esquerda), favorecendo movimentos populistas ao estilo da Frente Nacional de Marine Le Pen, com a qual ele compartilha a simpatia por Donald Trump.

Na segunda-feira, o jornal britânico Telegraph, que é conservador, revelou que governos e serviços de segurança na Europa intensificam os alertas públicos sobre interferência russa nas eleições dos próximos meses, em meio ao crescente temor de ataques cibernéticos contra partidos políticos e instituições democráticas ao estilo dos que foram realizados no ano passado contra o Partido Democrata e a campanha de Hillary Clinton.

Na Alemanha, o alvo preferencial dos russos é a democrata-cristã Angela Merkel. Na França, passou a ser o independente de centro-esquerda Emmanuel Macron, agora uma ameaça a Marine Le Pen ao invés do conservador François Fillon, praticamente abatido por um pequena escândalo de nepotismo

Com isso, autoridades políticas e de segurança na França, Alemanha e Holanda (neste último país as eleições se realizam agora em março) concordaram em compartilhar informações diante do cenário do vazamento de e mails por hackers e a disseminação de notícias falsas ou confusas.

A União Europeia tem uma força-tarefa encarregada de neutralizar a desinformação, a dezinformatsiya. A tática russa não é tanto convencer eleitores a escolherem o partido A ou o partido B, mas confundi-los. Não se trata nem de oferecer um ponto de vista alternativo, mas de minar o entendimento sobre o que está acontecendo.

Ferramentas afiadas de desinformação são as máquinas de agitação e propaganda do Kremlin como os órgãos supostamente jornalísticos, a destacar a emissora de TV RT e a agência de notícias Sputnik, além de uma pilha de sites especializados em fake news e teorias conspiratórias. Estas ferramentas têm poderosos aliados nos EUA como o agora conglomerado do radialista Alex Jones, na maior festa com Trump na Casa Branca.

Um exemplo de notícia falsa muito popular na Alemanha foi a história de que a igreja mais velha do país fora incendiada por mil muçulmanos gritando Allahu Akbar. Em um estudo da União Europeia sobre desinformação russa foram encontrados 2.500 exemplos em 18 línguas em apenas 15 meses.

Um exemplo recente já clássico foram as teorias conspiratórias sobre a derrubada do avião malaio, o voo MH17, na Ucrânia, em julho de 2014, apesar das investigações internacionais mostrando ter sido obra de separatistas pró-russos sob comando de Moscou. Uma bizarra fake news alega que a União Europeia planeja banir bonecos de neve por serem racistas.

Um efetivo modo de operação da desinformação russa é disseminar tantas mensagens conflituosas para persuadir o consumidor de noticias de que existem tantas versões dos eventos, tornando impossível saber qual é a verdade.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.