São Paulo dá primeiro passo para melhorar o ensino público brasileiro
Mona, a nota baixa do Ideb impressionou todo mundo. Tem alguma rede de ensino que resolveu encarra a reforma curricular? Tem alguma Secretaria de educação inovando?
Outro dia comentamos no programa Os Pingos nos Is, a nota do IDEB – que ficou bem abaixo da meta estabelecida de 3,6 – meta aliás que já era bem tímida, se comparada a nota 6, média de países ricos e patamar estabelecido para ser alcançado só em 2021 pelo Brasil.
Há 2 anos quando o índice da educação básica foi divulgado, o governo federal prometeu rever o currículo, diminuindo as matérias, mas a mudança não foi implementada. Resultado: a qualidade do ensino médio público caiu em 16 estados.
Não é fácil enfrentar os problemas crônicos da educação brasileira. Mas talvez um primeiro passo tenha sido dado pela maior rede de ensino básico, a da prefeitura de São Paulo, que tem um milhão de alunos. A secretaria de educação de Haddad acabou com a aprovação automática e foca na alfabetização até 8 anos de idade. As crianças, para passar de ano, precisam ler e entender o que estão escrevendo. Feita a aposta nos anos iniciais de ensino para alavancar o progresso nas etapas futuras, espera-se uma reação em cadeia e a melhora dos indicadores nos anos seguintes.
Para isso, resolveu-se encarar de frente a reformulação do currículo.
As crianças tem dificuldade na passagem do ensino fundamental, do professor único para vários docentes. Optou-se então por uma travessia progressiva, do quarto ao sexto ano e pela docência compartilhada, com um trabalho de integração entre as matérias e professores. Os projetos articulam por exemplo matemática e ciência, língua portuguesa e arte, e por aí afora; é uma forma de atrair o jovem que costuma perder o interesse no estudo ao entrar na adolescência.
Outro desafio é lançado aos jovens, eles tem um projeto para desenvolver – o TCA, que pode ser um vídeo – pesquisa, um texto, uma peça de teatro, um fanzine, uma revista…Essa espécie de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), com características autorais será entregue no fim do ciclo interdisciplinar e deve mobilizar o aluno. O trabalho colaborativo de autoria, ou TCA como está sendo chamado reflete a preocupação não só da mudança curricular, única no Brasil, como também com a forma de organização do estudante.
A ideia é trabalhar em grupo, competências como a resiliência e a persistência – os alunos não abandonarem seus objetivos… a capacidade de conviver e estudar em equipe. Uma plataforma de compartilhamento on line está sendo desenvolvida para abrigar os trabalhos. Logo logo poderemos acessar os resultados desse novo currículo e seus conteúdos poderão ser conhecidos, mas a coragem de mudar e impactar milhares de vidas já é louvável.
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