São tempos de decepção com o presente e com as perspectivas

Por Caio Blinder/Jovem Pan
22/12/2016 07h01

Estudantes universitários caminham pela USP

Eu gostaria de dar uma de Papai Noel pouco antes do Natal e presentear os ouvintes com boas notícias. No entanto, está dificil e nem vou falar de Trump ou de terror. Fiquei impressionado com um dado divulgado na quarta-feira.

Quase 40% dos jovens americanos estavam vivendo com os pais ou outros familiares em 2015. É a maior percentagem desde 1940, época da Grande Depressão. No ano seguinte, claro, os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra Mundial e os jovens começaram a sair de casa para entrar nas Forças Armadas.

Bem, de volta ao presente. Apesar da recuperação da economia e retomada de empregos, tem crescido a fatia daqueles entre 18 e 34 anos que moram com os país e familiares desde 2005. Antes do inicio da última recessão, 1 em 3 jovens vivia com a família.

Este cenário familiar vai contra a corrente. Nos ciclos econômicos, os jovens caem fora de casa quando a situação melhora após uma recessão. Como se sabe, faz parte da cultura americana, os jovens terem uma vida independente assim que terminam o segundo grau e vão em geral morar nos dormitórios universitários. Não costumam voltar para casa, assim que entram no mercado de trabalho.

Houve a retomada dos empregos, mas os salários são menos atraentes. Ademais o custo dos alugueis está alto e os critérios para o financiamento da casa própria são mais rigorosos depois do estouro da bolha imobiliária que foi o estopim da última recessão. Nenhuma supresa que os jovens americanos estejam casando e tendo filhos mais tarde do que em gerações passadas.

E neste contexto que podemos explicar a inesperada eleição de Donald Trump. São tempos de decepção com o presente e com as perspectivas. Estudos mostram que para a maioria dos jovens americanos será difícil suplantar o padrão de vida dos seus pais. Neste quadro de frustração, existe a busca de um salvador da pátria, com soluções a toque de caixa.