Se arrependimento matasse, cartolas do COI já estariam mortos

  • Por Caio Blinder
  • 04/08/2016 09h34
Coletores Agência EFE Rio 2016 - genéricas

 Águas passadas, sujas ou não, fedidas ou não. O fato histórico é que a longa contagem regressiva chega ao fim e, nesta sexta-feira, serão abertos os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, a primeira cidade sul-americana a ter esta honraria.

É fato sim, mas a julgar pelo sentimento dos cartolas do Comitê Olímpico Internacional, não teremos tão cedo um outro Rio de Janeiro como cidade sede. Existe um sentimento de comprador arrependido.
O Wall Street Journal, um jornal que entende de negócios, esta semana, estampou em primeira página uma reportagem sobre este sentimento de comprador arrependido. Importantes cartolas olímpicos disseram que as dificuldades que o Rio enfrentou e ainda enfrenta para, digamos, colocar a casa em ordem, devem desencorajar a ambição de sediar o mais importante evento esportivo do mundo em cidades de países em desenvolvimento ou lendárias pela desorganização.
Havia muita expectativa sobre estes jogos no Rio e o sentimento entre os cartolas olímpicos é de frustração. O Rio supostamente seria a alvorada de uma era mais arriscada para o Comitê Olímpico Internacional. Algo ao estilo da infame Fifa, que levou a Copa para todos os rincões do mundo e, pelo visto, para os tribunais e cadeias também.
Nos projetos olímpicos estavam cidades africanas e a Índia. Os planos parecem engavetados. Um cartola norueguês do COI disse que sediar os jogos no Rio foi o maior desafio jamais enfrentado. A maratona de problemas é conhecida: na logística, no atraso das obras, nas promessas não cumpridas de limpar a baía de Guanabara, o inferno do trânsito carioca, o panorama de segurança etc, etc, etc.
Conhecemos o pano de fundo. O Rio foi escolhido em 2009 quando se projetava que, a esta altura da maratona, o Brasil estaria entre as cinco maiores economias do mundo. No entanto, o país vai perdendo posições, imerso na recessão e nos escândalos.
O remorso foi antecipado. Basta ver que, em 2013, a veterana Tóquio foi selecionada para sediar os jogos de 2020, derrotando pretendentes como Istambul, da emergente Turquia, hoje atolada em uma crise ainda mais grave do que a brasileira.

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