Secretário-geral da OEA tem posturas diferentes para Brasil e Venezuela

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 14/04/2016 11h34
Reprodução/Twitter Luis Almagro

Para mim é preocupante a ineficácia e o descrédito de algumas instituições internacionais. Nesta lista, um suspeito habitual é a OEA. Na piada inevitável? O que é a Organização dos Estados Americanos? É um exemplo de ineficácia e de descrédito. Por que não piorar ainda mais o que é péssimo?

Seu secretário-geral, o ex-chanceler uruguaio Luis Almagro, acaba de dar uma entrevista ao jornal espanhol El País. Preocupante o que disse o homem que fala em nome das Américas. Perguntado sobre o cenário brasileiro, a resposta foi a seguinte: “O Brasil tem instituições muito fortes que têm a capacidade para responder. Para nós o fundamental é a realização de um processo de impeachment de uma presidente que não é acusada de nada, não responde por nenhum ato ilegal. É algo que verdadeiramente nos preocupa, sobretudo porque vemos que entre os que podem acionar o processo de impeachment existem congressistas acusados e culpados. É o mundo ao contrário”.

De fato, é o mundo ao contrário. Almagro se posiciona ao lado do governo brasileiro, enquanto se equilibra em uma postura vaselina sobre a crise da Venezuela, onde o regime chavista, através do Supremo marionete, acaba de rechaçar a lei de anistia de presos políticos aprovada pela Assembleia Nacional de maioria antichavista.

Sobre a Venezuela, o secretário-geral Luis Almagro diz que a voz do povo deve ser respeitada e através dos seus representantes o povo pede anistia a presos políticos que foram sentenciados em uma farsa judicial, conforme denunciou o promotor no caso de Leopoldo López, um dos principais líderes da oposição. Este promotor pediu asilo nos Estados Unidos.

No entanto, no caso brasileiro, o chefe da OEA se diz preocupado com o processo de impeachment contra uma presidente que segundo ele não é acusada de nada. Como assim? O processo de impeachment é legítimo, é constitucional e tem peças fundamentadas de acusação. Só faltou o secretário-geral da ONU ecoar a ladainha do que sobrou de governo no Brasil e dizer que impeachment é golpe. Ele está preocupado. Preocupante é a Organização dos Estados Americanos.

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