Sem Eduardo Campos, PSB não tem alternativa; entenda

  • Por Jovem Pan
  • 14/08/2014 11h32
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Reinaldo, Marina Silva será a candidata do PSB à Presidência da República? Quais são as consequências se isso acontecer?

Parecem não restar ao PSB outra alternativa, ainda que não seja fácil. Olá, internautas e amigos da Jovem Pan.

Por mais que seja desagradável entrar neste tipo de conjectura, ela precisa ser feita. Vamos ao que não pode ser feito: o PSB e os partidos que compõem a coligação não podem, por exemplo, se coligar a uma nova frente partidária. Ficam com uma de duas escolhas: ou lançam uma candidatura ou não lançam ninguém. Nessa segunda hipótese, mesmo sem coligação formal, seu tempo na TV não pode nem ser usado em defesa de outra candidatura.

A saída que parece natural – desprezados os fatores contrários, dos quais tratarei – é Marina Silva, que veio da Rede, mas está filiada ao PSB, se transformar na candidata do partido. Não custa lembrar que, na última pesquisa Datafolha em que seu nome foi testado, em abril, ela apareceu com 27% dos votos, contra apenas 14% de Campos. Isso não quer dizer que os números se repetiriam hoje. O tucano Aécio Neves, então, tinha apenas 18%; no mais recente Datafolha, está 20%. O ex-governador de Pernambuco havia caído na preferência do eleitorado e marcou apenas 8%. Se e quando o nome de Marina voltar a frequentar as pesquisas, o que vai acontecer?

O PSB afirma ter levantamentos que indicavam que Campos chegava perto de 20% quando ficava claro que Marina Silva compunha sua chapa. Uma transferência desse porte me parece francamente um tanto exagerada, mas é evidente que, como titular, ainda hoje Marina Silva teria um desempenho do que vinha tendo o ex-governador de Pernambuco.

A coligação a que pertencia Eduardo Campos tem agora 10 dias para indicar um novo candidato, segundo o que dispõe o Artigo 13 da Lei Eleitoral, a 9504. Lá está escrito que é facultado ao partido ou coligação substituir candidato que for considerado inelegível, renunciar ou falecer após o termo final do prazo do registro ou, ainda, tiver seu registro indeferido ou cancelado.

A lei estabelece também que nas eleições majoritárias, se o candidato for de coligação, a substituição deverá fazer-se por decisão da maioria absoluta dos órgãos executivos de direção dos partidos coligados, podendo o substituto ser filiado a qualquer partido dela integrante, desde que o partido ao qual pertencia o substituído renuncie ao direito de preferência. Integram a coligação de Campos, além do PSB, o PPS, o PPL, o PRP e o PHL.

A realização de um segundo turno sempre foi mais provável com Marina como candidata do PSB do que como Campos. E esse será certamente um fator muito forte a pesar em favor de seu nome. Mas a solução não é nada simples.

Campos e a líder da Rede conseguiram firmar um entendimento que transitava muito mais no terreno afetivo do que no das afinidades eletivas. A relação de Marina com o PSB chega a ser, em muitos casos, explosiva. Há mais divergências de ponto de vista do que convergências. O tempo na TV, destaque-se, é do partido. Com Campos vivo, sempre se apostava que os dois conversariam e que se chegaria a um consenso ao menos afetivo. Sem ele é muito mais difícil.

Não é só uma questão de agenda, não. Também há dificuldades nos Estados. Marina tentou implodir uma série de alianças feitas pelo PSB – e São Paulo é um exemplo claro disso. A dificuldade, em suma, está em o PSB ungir a candidatura de alguém que sabe não pertencer ao partido. Daqui a pouco, não é segredo para ninguém, ela ruma para a sua própria sigla e leva junto os membros da Rede que conseguirem se eleger.

A depender do resultado, um pedaço do próprio PSB pode migrar junto com ela. Ainda que a solução Marina pareça natural, a equação é mais delicada do que parece.

 

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