Sem filtros, Mídia americana mostra o real Trump

  • Por Caio Blinder
  • 22/09/2016 09h35
BIRCH RUN, MI - AUGUST 11: Republican presidential candidate Donald Trump speaks at a press conference before delivering the keynote address at the Genesee and Saginaw Republican Party Lincoln Day Event August 11, 2015 in Birch Run, Michigan. This is Trump's first campaign event since his Republican debate last week. (Photo by Bill Pugliano/Getty Images) Donald Trump

 A imprensa americana toma cada vez mais vergonha na cara para cobrir (ou descobrir) o sem-vergonha do Trump. Minha linguagem está ofensiva? Que nada. Estou apenas abrindo mão de forma acintosa da pseudo-objetividade e das falsas equivalências.

É aquilo que diz Katheleen Parker, uma colunista conservadora do Washington Post. Para ela, denunciar Trump se tornou um imperativo moral. O candidato republicano, além de xenófobo, ignorante e despreparado para o cargo presidencial, é um desequilibrado mental que coloca em risco a segurança nacional e a do planetinha.

E a Hillary? Ora, ela não é o Trump, logo, é mais tolerável. Seus pecados estão inseridos nos parâmetros normais. E aquilo que eu já comentei. Nas palavras de Bret Stephens, colunista bem conservador do Wall Street Journal, Hillary Clinton mente taticamente; Donald Trump é alheio ao conceito de verdade.

O basta de boa parte da imprensa aconteceu quando o cara de pau do Trump finalmente aceitou, na semana passada, que Barack Obama nasceu nos EUA (puxa, o brother é legítimo). Trump arrotou que, graças a ele, a pendência fora esclarecida e adivinhe quem disseminara a intriga? Ora, a Hillary.

Foi demais para muitos órgãos da chamada imprensa tradicional, lembrando: Trump tem seus braços de propaganda em veículos como o site Breitbart e amplos setores do império Fox News. O New York Times perdeu de vez os pruridos e, em manchetes sobre Trump, inclui palavras como “mentira”, “falso” e “falsamente alegado”. Mesma coisa na CNN. Sim, verdades devem ser ditas, escritas e exibidas com todas as letras.

Não se trata apenas de indignação. O trabalho investigativo é cada vez mais profundo sobre as trambicagens de Trump como “fantástico” homem de negócios, especialmente as pedaladas na sua fundação e a recusa para revelar sua declaração de imposto de renda, como é praxe entre candidatos presidenciais nos últimos 40 anos.

Para amplos setores da opinião pública, este trabalho digno da imprensa é irrelevante. Afinal, ela está desacreditada. Nestes parâmetros anormais, muita gente que vai votar em Trump acusa a imprensa de, na verdade, ser mentirosa e compra as cascatas do Trump. E, por ora, a simbiose continua vibrante. A imprensa fatura horrores em termos de audiência, vendagem e visualizações ao cobrir Trump e o candidato lucra de forma adoidada com tanto espaço. E eu? Ora, falo de Trump pela enésima vez neste espaço.

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