Sérgio Moro pode ter cometido seu primeiro erro; entenda

  • Por Jovem Pan
  • 20/02/2015 17h41

Pergunta: O juíz Sérgio Mouro fez bem em misturar a visita dos advogados e empreiteiros ao ministro da Justiça com seu despacho no qual mantém empreiteiros presos em Curitiba?

Resposta: Na minha opinião – e você que me segue aqui, sabe disso, que eu não tô mentindo – o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da operação Lava Jato, é uma especie de herói nacional pra mim. É o último bastião da resistência da justiça que não se submete a pressões.

Esse juíz, ele foi assessor da Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal e foi responsável pelos excepcionais despachos, pelas participações de votos muito bem fundamentadas, de Rosa Weber, Ministra do Supremo. Depois foi para Curitiba e lá está chefiando a operação Lava Jato, e é alvo de advogados, de governistas, todos querem tirar a ação dele para ver se conseguem dar uma maneirada nas investigações a cargo da Polícia Federal.

Agora, os advogados e empreiteiras pediram que ele soltasse alguns deles. O Ricardo Pessoa, da UTC, o Eduardo Leite, o Dalton Avancini e João Auler, da Camargo Corrêa. O Juíz não autorizou soltar, mandou mantê-los presos.

E, no despacho, que é muito bem escrito, muito cauteloso, e em nenhum momento falta com respeito com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, o juíz classificou de indevida interferência política a estratégia de empreiteiras do cartel, que agiam na Petrobrás, de buscar apoio do governo via Ministério da Justiça.

Segundo o juíz, é intolerável que emissários dos dirigentes presos e das empreiteiras pretendam discutir o processo judicial e as decisões judiciais com autoridades políticas.

Ele é a favor que tudo seja feito nos autos do processo, como disse Joaquim Barbosa, o relator e presidente do Supremo, aposentado. O juíz está certo, mas agiu de uma forma equivocada.
Talvez esse tenha sido seu primeiro erro, se manifestar politicamente, exatamente quando exige que tudo vá para os autos. O papel dele era ficar nos autos. O juíz não está fazendo isso por estrelismo, mas talvez por que está sendo submetido a uma pressão insuportável.

O caso é que isso pode causar uma reviravolta no caso, inclusive prejudicando a ação dele através de votos do supremo, que todos sabemos que não são lá muito interessados e que, realmente, seja feita justiça nesse caso.

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