A serviço do PT, MST se manifesta contra projeto de Cunha em Brasília; é mentira que texto crie dificuldades adicionais para o aborto legal

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 03/11/2015 13h09
Antonio Cruz/Agência Brasil Eduardo Cunha fala à CPI da Petrobras

O PT está tentando se reorganizar e usa seus satélites de esquerda como instrumento. Quais satélites? O mais funcional é o PSOL, que tem representação no Congresso e alguns parlamentares muito ativos — refiro-me ao proselitismo —, como Jean Wyllys (RJ) e Chico Alencar. Aliás, uma nota à margem: Chico Alencar, que sempre se quis um pensador, está começando a virar coadjuvante da pantomima de Wyllys, que continua BBB na vida. Mas há outros partidos e grupelhos que estão sendo instrumentalizados pelos petistas: MST, MTST, PSTU, Movimento Passe Livre, feminazismo etc. Daqui a pouco, antevejo, chegará a hora de os racialistas fazerem um protesto.

Neste domingo, cerca de 100 pessoas do MST e do Levante Popular da Juventude (que é a versão iê-iê-iê dos sem-terra) resolveram organizar um protesto em frente à casa do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Foram lá por duas razões: para cobrar que ele renuncie à Presidência da Casa e para se manifestar contra o PL 5.069, de autoria do deputado, que, segundo os militantes, dificulta a realização do aborto legal.

Bem, leitor, tenha você a opinião que for a respeito do aborto, o mínimo que espero é um compromisso com a verdade e com decência. Como é que um movimento que já foi à rua em defesa do mandato de Dilma tem a cara de pau de pedir a cabeça de Cunha? Qual é o critério? Os malfeitos dos adversários devem ser punidos, e os atos dos malfeitores, quando a serviço do PT, aplaudidos? É isso? O petista raso poderia indagar: “Você não faz o contrário? Defende Cunha e quer o impeachment de Dilma?”. Não! Eu quero ambos fora de seus cargos. Só que digo com todas as letras que Rodrigo Janot tem um ritmo para investigar o presidente da Câmara e outro para apurar as irregularidades atribuídas aos demais.

—relaetd—Adiante. A passeata promovida na sexta, em São Paulo, pelas feminázis e o protesto em frente à casa de Cunha neste domingo têm como pretexto cobrar a rejeição ao Projeto de Lei 5.069 (íntegra aqui), de autoria do deputado, acusado de criar dificuldades extras para a realização do aborto legal, hoje permitido em caso de estupro, de risco de morte da mãe e, por decisão a meu ver arbitrária e descabida do STF, a quem não é permitido legislar, quando há diagnóstico de anencefalia do feto.

Mas, afinal, o texto proposto por Cunha cria mesmo as tais dificuldades? Trata-se de uma mentira asquerosa, mais uma, na qual a imprensa embarca gostosamente, a exemplo do que fez quando acusou a existência de um projeto, que nunca existiu, que instituiria a cura gay.  Já lembro esse episódio. Fiquemos no caso do PL 5.069.  O que propõe o dito-cujo, já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara? Prestem atenção!!! Passa a ser crime, com detenção de quatro a oito anos, “anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto, induzir ou instigar gestante a usar substância ou objeto abortivo, instruir ou orientar gestante sobre como praticar aborto, ou prestar-lhe qualquer auxílio para que o pratique, ainda que sob o pretexto de redução de danos: Pena: detenção, de quatro a oito anos.”

Sim, trata-se de uma proposta que vai na contramão da militância, mas cadê as supostas restrições ao aborto legal? O texto abre, sim, a possibilidade de se punirem aborteiros informais. A menos que alguém esteja disposto a praticar o aborto com as próprias mãos ou a sair anunciando por aí métodos alternativos para a eliminação do feto, em que mesmo o texto agride os direitos das mulheres?

Trata-se de uma mentira asquerosa. Estão usando o PL de autoria de Cunha para organizar manifestações contra o deputado de olho na questão política. A própria imprensa passa a repetir a mentira, reitero, de que o texto cria dificuldades adicionais para o aborto, reeditando a farsa da suposta cura gay.

A cura gay
Em 2013, um Projeto de Decreto Legislativo derrubava dois dispositivos da Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia: tornava sem efeito o parágrafo único do artigo 3º e derrubava todo o parágrafo 4º. Leiam o que está na tal resolução:
 “Art. 3° – os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.”
Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Art. 4° – Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.

Notem: ninguém queria mexer com o caput do artigo 3º. Continuaria proibida a patologização da homossexualidade ou qualquer forma de tratamento coercitivo. O que se propunha era derrubar o parágrafo único do artigo 3º e o artigo 4º, que abrem caminho para a perseguição e para o delito de opinião. Digam-me: se um gay quer recorrer a um psicólogo porque pretende, sei lá, abster-se de fazer sexo e se ele considera que o profissional pode ajudá-lo, o este deve ser punido por isso? Faz sentido um conselho impedir alguém de emitir uma opinião, ainda que possamos considerá-la errada?

É claro que acho a tal “cura gay” um absurdo sob qualquer ponto de vista, inclusive o científico. Mas era uma mentira deslavada que houvesse um projeto instituindo a dita-cuja. A manutenção do caput do artigo 3º era a prova. Tal foi o barulho que as esquerdas e os militantes gays fizeram que o Projeto de Decreto Legislativo foi arquivado. E o Conselho Federal de Psicologia continua livre para punir pessoas por delito de opinião.

Reitero: o texto de Cunha não cria dificuldade adicional nenhuma para o aborto: ZERO!!! Trata-se apenas de uma mentira militante que o PT está alimentando para pôr a tigrada na rua, tentando retomar o espaço público com causas caras às esquerdas. A intenção é tirar o impeachment da pauta.

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