Sindicalistas do metrô são radicais, mas não rasgam dinheiro

  • Por Jovem Pan
  • 12/06/2014 11h36

Reinaldo, quer dizer que os sindicalistas do Metrô são radicais, mas não rasgam dinheiro, é isso?

É, pode-se dizer que sim. Olá, amigos e internautas da Jovem Pan.

E não é que as demissões no Metrô e o bloqueio das contas do sindicato tiveram um impressionante efeito didático? Nesta quarta, os grevistas decidiram que não era o caso de retomar a paralisação. Melhor assim, não é mesmo? O governo de São Paulo já havia deixado claro que não recuaria das 42 dispensas já efetivadas e que 300 outras pessoas poderiam integrar uma lista de demitidos caso os sindicalistas reiterassem na ilegalidade. O emprego no Metrô é bom o suficiente para que a “categoria” tenha juízo. Só entre vale-alimentação e vale-refeição, um funcionário da empresa recebe quase R$ 1 mil, valor bem superior ao salário mínimo recebido por muitos dos usuários. Há muita gente querendo fazer parte desse time de privilegiados, que ainda tem direito a vale-creche de R$ 570 por filho até sete anos ― benefício que se estende aos homens também.

Se o governo do Estado fraqueja, se dá uma piscadela, pronto! Torna-se refém não apenas dos metroviários, mas de todas as categorias de servidores da administração direta, de estatais e de empresas concessionárias. Quem acabaria arcando com o peso da desordem seria a população de São Paulo.

Geraldo Alckmin conduziu muito bem a crise e soube a hora de endurecer. De fato, o governo já havia concedido um reajuste até excessivo aos metroviários. A greve só aconteceu porque, ao esquerdismo xucro do PSTU ― partido ao qual pertence Altino Prazeres, presidente do sindicato ― somou-se o mais descarado oportunismo. Os ditos “líderes” dos metroviários resolveram usar a Copa do Mundo para chantagear o Metrô. Deram-se mal. Muito mal.

Outros fatores influenciaram a decisão de não retomar a greve. O movimento já havia perdido força, e o tal Altino percebeu que não conseguiria mais manter a paralisação na base do radicalismo retórico e da truculência. Mais: a Justiça do Trabalho havia elevado para R$ 3 milhões o bloqueio das contas do sindicato. Como a greve chegou ao fim, o valor voltou aos R$ 900 mil originalmente arbitrados.

Sabem quem discursou na assembleia dos metroviários? O antes notório pelego Luiz Antonio Medeiros, ex-dirigente da Força Sindical e hoje representante do Ministério do Trabalho em São Paulo. Anunciou, num tom bravateiro, ter multado o Metrô por “prática antissindical”. Medeiros, ex-rival da CUT e do PT, tornou-se, ora vejam, um fã do radicalismo depois que arrumou essa boquinha com Lula. É espantoso.

Aliás, que fique claro: nessa jornada contra a estupidez das lideranças dos metroviários, o Planalto e o PT só criaram dificuldades adicionais. O mesmo governo petista que recorreu preventivamente à Justiça para impedir uma greve de policiais federais estimulou, por intermédio de Medeiros, a paralisação dos metroviários ― foi, na prática, o que ele fez. Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência ― sempre ele ― chegou a defender um “entendimento” com os extremistas.

Alckmin decidiu seguir a lei e defender os interesses de cinco milhões de usuários do metrô e de muitos outros milhões de trabalhadores de São Paulo, que tiveram sua vida transformada num inferno por meia dúzia de radicais que dispõem de privilégios de que poucos trabalhadores brasileiros desfrutam.

Contra a baderna e a ilegalidade, a demissão e a multa se mostraram remédios muito eficazes. Que fique a lição. Para governantes e sindicalistas.

 

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