Sob regime de Assad, guerra civil na Síria não tem trégua e deve piorar

  • Por Jovem Pan
  • 10/02/2016 10h41
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O presidente da Síria, Bashar al-Assad, posa para foto em frente à bandeira nacional

Hoje é quarta-feira de cinzas. Qual é a metáfora, qual é o assunto apropriado para um comentário? Se eu estivesse no Brasil, poderia ser zika ou qualquer das tantas mazelas econômicas, políticas e morais que assolam o país. Estou aqui nos Estados Unidos. O assunto poderia ser o circo eleitoral dominado pelo sinistro palhaço Donald Trump, mas prefiro viajar para as bandas do Oriente Médio, onde na Síria todo dia é quarta-feira de cinzas.

A guerra civil pode piorar? Sim, pode apesar do saldo de 250 mil mortes em cinco anos, mais de quatro milhões e meio de refugiados no exterior e outros seis milhões e meio ainda na Síria, mas forçados a deixar suas casas. Isto num país que tinha 22 milhões de habitantes antes da guerra civil.

Façam as contas sobre a magnitude da catástrofe. E como eu disse, pode piorar; o mundo, inclusive quem não acompanha a Síria com muita atenção, está mais focado na barbárie dos terroristas do Estado Islâmico. Nunca se sabe quando seus fanáticos suicidas vão aparecer em um restaurante ou em uma esquina em qualquer lugar do planeta. E obviamente o Estado Islâmico barbariza dentro da própria Síria, onde está sua base, o seu chamado estado.

No entanto, a barbárie maior ainda é praticada pelo regime de Bashar Assad. Suas tropas, com o apoio do Irã e milícias xiitas de alguns países, além do implacável apoio aéreo russo, estão finalmente vencendo na guerra civil. O epicentro da luta agora é em Aleppo, que já foi a maior cidade da Síria e seu centro comercial. 

Hoje Aleppo é um espetáculo de escombros, dividida entre tropas governamentais e um leque de grupos rebeldes, alguns deles terroristas da pesada, mas não o Estado Islâmico. A população civil é submetida sem tréguas aos ataques das tropas de Assad e dos bombardeios aéreos russos. Dezenas de milhares de civis fogem em direção à fronteira turca.

A prioridade de Bashar Assad e seu patrono Vladimir Putin em Moscou não é derrotar o Estado Islâmico, mas esmagar o resto da oposição e garantir a sobrevivência de um regime genocida, no poder há quase 50 anos, um regime que passou de pai para filho.

Existe uma ilusão de que Assad é o menor dos males e ele faz o possível para reforçar este argumento. Tudo de fato pode piorar na Síria se Assad e Putin forem bem sucedidos no plano de esmagar variados grupos rebeldes, ao preço de crimes contra a humanidade. 

Com o plano concretizado, o mundo estará diante da encruzilhada: Assad ou Estado Islâmico. Tudo pode piorar na Síria.

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