Suplicy está equivocado quando compara “Diretas Já” com as manifestações do MPL

  • Por Jovem Pan
  • 04/02/2015 15h12

Pergunta: O que lhe parece a plataforma anunciada pelo novo secretário de direitos humanos da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Suplicy, que saiu do Senado sem se despedir de Dilma e já está prometendo que vai participar de passeatas de Black Blocs para poder negociar melhor com eles, diretamente, face a face?

Resposta: Eduardo Suplicy terminou seus 24 anos de mandato pedindo, pelo amor de Deus, uma audiência a Dilma. Telefone, email, amigos, não conseguiu. 24 anos de serviços prestados ao PT, a Dilma e ao Lula sem nunca ter sujado o nome do partido e nem da companhia dos dois presidentes. No entanto, Dilma não deu bola pra ele.

Ou esses 24 anos não foram de serviços realmente prestados, ou Dilma é uma pessoa desumana e incapaz, sequer, de agradecer a quem deve. Você escolhe qual é a alternativa. Quanto a Suplicy, ele tomou posse na Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, do petista Fernando Haddad.

Nesta posse, ele prometeu negociar com os black blocs e admitiu até ir à manifestação deles para fazer a negociação cara a cara. Isso faz parte dos hábitos do Suplicy, você lembra que ele passou noite em acampamento de sem terra. Coisas do gênero. Digamos que o Suplicy não é infenso à exibição pública. “Ah político”, também temos que levar isso em conta.

O que não podemos levar em conta, de jeito nenhum, é que o Suplicy está completamente equivocado quando, de forma oportunista, apela para manifestações como as Diretas Já, comparando com essas do MPL e dos Black Blocs. Não tem nada a ver. As manifestações das Diretas Já eram manifestações pela lei, as do Black Blocs são contra a lei.

Eles pegam manifestações completamente pacíficas e democráticas e transformam num quebra quebra. Quebram vidraças de bancos, automóveis e prédios públicos. O perigo que o Suplicy corre, participando de uma manifestação dessas, é que ele resolva cantar “blowing in the wind” antes mesmo que Bob Dylan proteste – também terá motivos para isso, o autor da música, o intérprete – ele poderá ser apedrejado pelos Black Blocs pela má qualidade da interpretação, que deixariam de atirar pedras nos prédios, nos bancos e nos automóveis, para atirar nele. O que seria lamentável, né? Nenhum de nós gostaria que isso acontecesse.

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